Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A ampliação do mercado da segurança privada no país é fruto da democratização da segurança pública, que, a cada ano, tem sido menos requisitada para executar serviços irregulares para particulares. A opinião é do pesquisador do Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisas (Nufep) da Universidade Federal Fluminense (UFF) Jorge da Silva, autor do livro Criminologia crítica: Segurança e Polícia.Segundo o cientista social, que já foi coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro, há alguns anos era comum que as polícias prestassem serviço de segurança de forma individual para algumas pessoas que detinham “poder” na sociedade. Com a democratização do país, o uso particularizado dos órgãos de segurança tem se tornado mais difícil, explicou. Para essas pessoas, a solução foi recorrer à segurança privada. “O Brasil tem uma história de particularização das coisas públicas. Eu me lembro da época em que eu, tenente da Polícia Militar, tinha que, às vezes, preparar policiais para tomar conta de bailes de aniversário, de noivado e de clubes particulares. Isso acontecia até pelo menos a década de 80. Era um tempo em que quem tinha poder e voz usava a polícia, que é um serviço público, de forma privada. Aos poucos, isso foi sendo cortado”, lembrou Silva.De acordo com o cientista social, os altos índices de criminalidade também são fator de impulso do mercado da segurança privada: “Com medo da violência, com medo do crime, as pessoas procuram serviços de proteção privada.”