Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O novo acordo automotivo firmado entre Brasil e Argentina, na semana passada, tem como objetivo central fortalecer o setor industrial do país vizinho e, no médio prazo, transformar a região no quarto pólo produtor de automóveis do mundo. Foi o que explicou hoje (3) o secretário do Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Meziat. Ele disse que, ao ampliar o limite para a entrada de carros e autopeças argentinos no mercado brasileiro, sem imposto de importação, até 2013, o Brasil proporciona maior segurança para investimentos estrangeiros no parceiro do Mercosul.“O governo argentino pleiteia é que haja um maior equilíbrio nos investimentos, que os argentinos possam retomar a sua indústria de autopeças e de automóveis. Eles gostariam de poder vender mais autopeças para o Brasil”, relatou Meziat. “O coeficiente maior para a Argentina é para dar previsibilidade para o investidor de que qualquer investimento que for feito na Argentina, nos próximos anos, terá o mercado brasileiro à sua disposição”, explicou. O acordo fechado na última sexta-feira, em Buenos Aires, estabelece coeficiente de 1.95 para o acesso do Brasil à Argentina e de 2.5 para a entrada de carros argentinos no mercado brasileiro. Isso significa que, para cada US$ 100 que o Brasil vender para a Argentina, o país vizinho poderá exportar US$ 250 para o Brasil, sem imposto de importação. E para cada US$ 100 exportados pela Argentina ao Brasil, a indústria automotiva brasileira poderá vender US$ 195 para o parceiro do Mercosul. A regra vale para veículos e autopeças. Pelo acordo atual, que expira em 30 de junho, o índice é de 1.95 para os dois países – cada país pode exportar até US$ 195 para cada US$ 100 importados. Na prática, os tetos ainda não foram alcançados e isso não deve ocorrer nem nos próximos anos ainda, na avaliação de Armando Meziat. Pelo lado argentino, a proporção é de 1.58. Pelo lado brasileiro, de 0,63 (índice equivalente às importações divididas pelas exportações). A ampliação do limite argentino de 1.95 para 2.5, segundo Meziat, é apenas uma sinalização de que o mercado brasileiro está aberto aos produtos automotivos fabricados na Argentina. O secretário disse que a ampliação para a entrada de veículos argentinos trata-se de uma decisão política do governo brasileiro, que reconhece as assimetrias das estruturas produtivas e do mercado dos dois países. “Para o livre comércio, precisamos ter um equilíbrio maior entre as produções dos dois países”, reconheceu. Os limites de importação sem imposto valem até 30 de junho de 2013. A partir daí, o novo acordo prevê o livre comércio de produtos automotivos entre Brasil e Argentina. A liberação acontecerá com oito anos de atraso, já que a data inicial prevista para o livre comércio era 1º de janeiro de 2005, depois prorrogada para 1º de janeiro de 2006 - o prazo foi estipulado no primeiro Acordo Bilateral para o Setor Automotivo, firmado em junho de 2000 e ajustado em 2002. Em 2006, a pedido da Argentina, o prazo foi prorrogado algumas vezes até a negociação das atuais regras, em vigor desde 30 de junho daquele ano. Segundo Armando Meziat, a expectativa brasileira é de que, até o final do acordo, o Brasil alcance uma produção anual de cinco milhões de automóveis. Com o estímulo à indústria automotiva argentina, a previsão é de uma produção de um milhão de veículos no país vizinho. “Os dois juntos produziriam seis milhões de automóveis ano, o que colocaria o Mercosul como quarto maior pólo produtor de automóveis no mundo”, ressaltou. Isso, claro, considerando-se o cenário atual da indústria mundial, no qual o Japão é o primeiro do ranking, com 11,5 milhões de unidades/ano, seguido pelos Estados Unidos, com 10,7 milhões, e pela China, que alcançou uma produção de 8,8 milhões de veículos em 2007 e ultrapassou a Alemanha, com 6, 2 milhões de unidades A expectativa do mercado é de que a China logo também supere os Estados Unidos. Em quinto e sexto lugares aparecem a Coréia do Sul (4 milhões) e a França (3 milhões). O Brasil é o sétimo do ranking, com uma produção de 2,9 milhões de veículos em 2007.