Arsenal extraviado de firmas de segurança poderia armar Polícia Civil de oito estados

03/06/2008 - 14h56

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cerca de 17 mil armas foram extraviadas de empresas de segurança privada no Brasil desde 2003, por furto ou perda. A informação foi divulgada pela Coordenação Geral de Controle da Segurança Privada da Polícia Federal. O total extraviado nos últimos cinco anos equivale a todo o arsenal das Polícias Civis da Região Norte e do estado de Goiás (estimado em 17 mil pelo Ministério da Justiça). O número também supera o total de apreensões de armamento em todo o estado do Rio de Janeiro no ano passado (11.062 armas).A Polícia Federal não é capaz de dizer qual o destino de todo esse armamento perdido ou furtado das empresas de segurança privada, mas, segundo o coordenador de Controle da Segurança Privada da instituição, delegado Adelar Anderle, é provável que parte das armas pare nas mãos de criminosos.O extravio do armamento mantido pelas empresas privadas e seus vigilantes para as mãos de criminosos já havia chamado a atenção da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Armas, da Câmara dos Deputados, que encerrou os trabalhos no final de 2006. O relatório final da CPI revelou que, das mais de 10 mil armas apreendidas com criminosos e rastreadas pela Polícia Civil no estado do Rio de Janeiro, entre 1998 e 2003, 17% pertenciam a empresas de segurança privada.De acordo com Anderle, o controle da Polícia Federal sobre essas armas é “rigoroso” e a maior parte delas armas sai das mãos dos vigilantes em assaltos em que os criminosos roubam os revólveres ou espingardas do segurança. Desde 2003, cerca de 15.400 armas foram extraviadas desta forma. Ainda assim, os registros da Polícia Federal mostram que quase 1.500 armas extraviadas foram registradas simplesmente como “perdidas”. “Nesse caso, a gente abre inquérito em desfavor dos responsáveis pela empresa. Arma é um produto controlado, e o inquérito vai apurar se houve dolo ou culpa por parte dos responsáveis pelo controle dessas armas e munições”, afirmou Anderle.