Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou hoje (1º) nota oficial condenando a tortura sofrida por uma equipe de reportagem do jornal carioca O Dia, há cerca de 15 dias, supostamente praticada por milicianos. A polícia investiga o caso. Os profissionais produziam uma reportagem sobre o cotidiano de moradores de comunidades dominadas por grupos paramilitares. Segundo o presidente nacional da OAB, Cezar Britto, o caso "é um escândalo intolerável".Ainda de acordo com a nota, "o Estado, por sua omissão, estimula a formação de grupos paramilitares, que pretendem combater o crime com métodos criminosos" e destaca que "a presença de policiais no comando dessas ações indica que é urgente e inadiável uma reforma estrutural no aparelho de segurança pública do Rio de Janeiro".Na nota, Britto afirma que "o empenho em impedir o trabalho da imprensa" revela o temor que esses grupos têm de que a sociedade conheça os métodos por eles utilizados, sob o argumento de que prestariam assistência aos moradores. A OAB conclui a nota com a seguinte afirmação: "O Brasil precisa de Justiça, não de justiceiros". Uma nota de repúdio também foi divulgada pelo Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro. Para a organização, "é inaceitável que o governo do Estado do Rio de Janeiro não consiga impedir a ação criminosa de seus próprios agentes, integrantes de máfias milicianas, que disputam com o tráfico de drogas o domínio das comunidades carentes". No texto, o episódio foi classificado como "um dos mais graves atentados à liberdade da informação no País desde o fim da ditadura militar".