Cimi considera que saúde e questões fundiárias motivam onda de protestos indígenas

01/06/2008 - 17h49

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As recentes ocupaçõesde prédios públicos e interdições deestradas promovidas por comunidades indígenas estãorelacionadas a queixas de assistência deficiente em saúdee a conflitos pela ocupação de terras. Esta é a avaliação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi),que entende as ações como “legítimas” esintomáticas, apesar de não serem fruto de umplanejamento comum. “Não temosregistro de articulação nacional de luta dos povosindígenas contra determinado órgão público,mas a ocorrência de variadas manifestações coloca para o governo um desafio de aprimorar o que vem sendo feito na políticaindigenista”, afirmou o advogado do Cimi, Paulo MachadoGuimarães. Ele ressaltou que a eventual ocorrência futura de  manifestação articulada  seria um avanço na luta das comunidades por seus direitos. “Os índiosestão exercendo um direito legítimo, de livreexpressão, e nenhuma autoridade pública deve sesurpreender com isso, pois tratam de problemas alertados hámuito tempo”, acrescentou. Um dos alvospreferenciais dos protestos indígenas tem sido a FundaçãoNacional de Saúde (Funasa). Prédios do órgãoforam ocupados esta semana em Cuiabá (MT) e Ubatuba,  no litoral nortede São Paulo. Em abril, índios já haviamprotestado na porta do Ministério da Saúde. Asprincipais reclamações envolvem corpo clínicoinsuficiente e falhas na distribuição de medicamentos. “Não existecarência de recursos orçamentários. Há umvolume que o meio clínico considera suficiente e aí oproblema é de gestão. Isso faz com que o atendimentona ponta passe a ser problemático”, disse Guimarães.O advogado do Cimilembra que há dificuldade em convencer profissionais de saúdea manterem atuação permanente em determinadas áreasindígenas. Os motivos são o trabalho em condiçõesprecárias, a dificuldade de acesso e exposiçãoao risco de contaminação de doenças. Uma dassoluções apontadas, para a melhoria da assistência,seria o maior investimento governamental na formação deagentes de saúde das próprias comunidades. SegundoGuimarães, há experiências bem sucedidas emRoraima, com “medidas de cautela e prevenção”adotadas de forma eficiente pelos índios capacitados.