Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Com a crise mundial dosalimentos, a criação de uma base agroecológicase torna fundamental para diminuir a dependência de insumosagrícolas, e as unidades de agricultura familiar são asque melhor se adaptam a ela. A avaliação é dodiretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), SílvioPorto, e foi feita em entrevista à Agência Brasil.Ele defendeu o fortalecimento da agricultura familiar. “As unidades deagricultura familiar se adaptam melhor a uma perspectivaagroecológica exatamente porque elas utilizam a suamão-de-obra, produzem em pequena escala, dialogam melhor comos aspectos do ambiente e, portanto, acho que essa seria uma boaestratégia no sentido da inclusão social, dos aspectosambientais e, principalmente, de uma resposta a esse modelo em queestá colocada hoje a crise dos alimentos”, afirmou.Sílvio Porto, que édiretor de Logística e Gestão Empresarial, disse que jáexistem várias experiências no Brasil e no exterior quedemonstram a viabilidade de se produzir, em escala significativa, commenos dependência de insumos agrícolas. Para que essesexemplos sejam expandidos, ele considera fundamental o avançoda ciência, com mais investimentos em pesquisas,“principalmente para menor uso de fertilizantes, sobretudo com umabase agroecológica, que permita dialogar mais com os aspectosnaturais.”Segundo Porto, houveuma concentração muito grande na mão de poucasempresas, que hoje detêm o poder econômico, em relaçãoaos fertilizantes e às sementes, e, conseqüentemente, àprodução de alimentos. “Isso gera uma enormevulnerabilidade em relação à perspectiva deconseguirmos, de fato, uma soberania alimentar nos países daAmérica Latina, África e Ásia.”Ao mesmo tempo,reduziu-se a agrobiodiversidade, ou seja, a produçãomundial prioriza poucos produtos agrícolas. Nesse modelo,quando ocorre algum problema, como a quebra de safra em algumaregião, as conseqüências alcançam dimensõesglobais.Além daprodução, o diretor da Conab ressaltou na entrevista aconcentração mundial que existe na distribuiçãoe comercialização de alimentos, o que tambémacontece no país. “No caso do Brasil, hoje nós temostrês empresas que representam mais de 40% do comércio dealimentos em nível dos consumidores.”