Mais de sete mil colunas do Castello estão disponíveis agora na internet

01/06/2008 - 15h02

Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Quem foi leitor da Coluna do Castello pode, a partir de agora,reler na internet os textos de Carlos Castello Branco, o Castellinho, como ocronista era carinhosamente tratado pelos amigos, que foi o jornalista político mais importante do paísentre os anos 1960 e 90. Nesse período, ele publicou em dois jornais do Rio - Tribuna daImprensa e Jornal do Brasil - as crônicas que traçaram um panorama dapolítica brasileira, em tempos de democracia e ditadura, sempre com umestilo forte, preciso e elegante que o tornou o mestre dos colunistas dogênero no país.E quem não teve oportuniade de ler à época suas crônicas políticas diárais tem agora a oportunidade de conhecer o melhorda política do país naqueles agitados anos. O endereço eletrônico www.carloscastellobranco.com.br coloca à disposição do público 7.849 colunas,escritas entre 1963 e 1993, pelo jornalista piauiense, nascido em Teresina, no dia 25 de junho de 1920.Todo o material que compõe a página foi organizado pela filha de CarlosCastello Branco, Luciana, que destaca outras peças do acervo, como umaentrevista concedida pelo pai a Adriana Zarvos, sobre temas políticos ehistóricos, com importantes revelações sobre os bastidores da políticabrasileira no período de 1963 a 1993, ano em que ele faleceu, aos 72 anos deidade, após mais de 50 anos de trabalho como jornalista. Os 15 anos da morte deCastello Branco, completados hoje (1º), marcam também aentrada na grande rede, em definitivo, de sua página, que estava no ar desdenovembro do ano passado, mas em caráter experimental.Castello começou a escrever uma coluna política após deixar a Secretaria de Imprensa daPresidência da República, com a renúncia do presidente Jânio Quadros, emagosto de 1961, primeiro na Tribuna da Imprensa, atédezembro, quando se transferiu para o Jornal do Brasil, onde, a partir do dia 3 de janeiro de 1963 começou a assinar a Coluna do Castello. Durante os 32 anosem que trabalhou no JB - cuja Sucursal em Brasília chefiou  até 1972 -tornou o espaço ocupado na página 2 uma verdadeira referência em matéria dejornalismo político no país. A coluna foi publicada pela última vez em 20 demaio de 1993, dez dias antes de sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro, ondefoi sepultado, no Cemitério São João Batista (Zona Sul), no Mausoléu dosImortais da Academia de Brasileira de Letras, da qual era membro.Além de brilhar como o mais importante jornalista político do país por 30anos, Carlos Castello Branco também teve uma importante participação na lutapela liberdade de imprensa do país, ao presidir o Sindicato dos Jornalistasdo Distrito Federal em plena ditadura e defender a categoria sempre contra acensura e o arbítrio dos militares.Jornalista da era pré-computador,Castello Branco escreveu todas as suas colunas a máquina e o internautaencontrará na página eletrônica reprodução de seus textos com as correçõesque fazia à mão. Segundo Luciana Castello Branco, ele havia começado aaprender a trabalhar com computador pouco antes de sua morte, em 1993, etodas suas crônicas foram digitalizadas para a publicação virtual.Além das Colunas do Castello, o internauta encontrará no endereço virtual daobra do jornalista sua correspondência com diversas personalidades dapolítica e do jornalismo, como o jornalista M.F. do Nascimento Brito, genroda Condessa Pereira Carneiro, diretora-presidente do Jornal do Brasil na época, e principal dirigente do periódico na época de Castellinho. O site contém aindacrônicas e contos de Castello, além de depoimentos a seu respeito, desdeRoberto Marinho, ex-presidente das Organizações Globo, ao  presidente LuizInácio Lula da Silva Sobre Castello Branco, os depoimentos de dois importantes jornalistas dopaís sintetizam bem sua importância para o jornalismo e para a vida políticabrasileiros:"Falava por frases curtas, mas tinha a prodigiosa capacidade de se informar,de fazer relações, de inspirar confiança às fontes. Ele foi um articuladordas jogadas políticas, que colocava as coisas em textos de alta qualidadeliterária" (Villas-Bôas Correia, jornalista político)."Tinha um senso de humor arrasador, sarcástico. Não era o humor hilariante,falava pouco e, quando falava, destruía" (Alberto Dines, ex-editor-chefe doJornal do Brasil, que convidou Castello para trabalhar no JB).