Da Agência Brasil
Brasília - Em cartadivulgada hoje (26), os participantes do Encontro Xingu Vivo paraSempre se dizem contrários à construção de hidrelétricasao longo do Rio Xingu e exigem a implementação de umprojeto de desenvolvimento composto de 12 tópicos.Oencontro realizado entre os dias 19 a 23 de maio, em Altamira (PA),reuniu índios, ribeirinhos e organizações dasociedade civil para discutir os empreendimentos hidrelétricosprevistos para o Rio Xingu. Durante o evento, o engenheiro daEletrobrás Paulo Fernando Rezende foi esfaqueado por índios Caiapóapós palestrar sobre o projeto da hidrelétrica de BeloMonte.Nodocumento apresentado hoje (26), os participantes do encontro semanifestam contra qualquer tipo de barragem ao longo do Rio Xingu. “Nãoadmitiremos a construção de barragens no Xingu e seusafluentes, grandes ou pequenas”, declaram.Sobre a usina deBelo Monte, um dos principais projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o documento afirma que “interromper o Xingu emsua Volta Grande causará enchentes permanentes acima da usina,deslocando milhares de famílias ribeirinhas e moradores emoradoras da cidade de Altamira, afetando a agricultura, oextrativismo e a biodiversidade, e encobrindo nossas praias”.Já a respeitodas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) os responsáveispela carta alegam que “algumas já foram construídas,outras já estão autorizadas e até hoje nãohouve qualquer tipo de avaliação dos impactos que esseconjunto de obras causará aos 14 povos indígenas doParque Indígena do Xingu”.Os participantes doencontro se declaram "conhecedores do Rio Xingu" e exigem a implementação de 12 propostas descritas ao longo do texto. Segundo eles, as sugestões fazem parte do modelo de desenvolvimento idealpara a Bacia do Xingu.Entre os que assinama carta estão a Comissão Pastoral da Terra (CPT), oMovimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o InstitutoSócio-Ambiental (ISA), a Coordenação dasOrganizações Indígenas da AmazôniaBrasileira (Coiab), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi),além de vários índios das etnias Caiapó eXikrin.As propostas apresentadas pela carta são:1.A criação de um fórum de articulaçãodos povos da bacia que permita uma conversa permanente sobre o futurodo rio e que possa caminhar para a criação de um Comitêde Gestão de Bacia do Xingu;2.A consolidação e proteção efetiva dasUnidades de Conservação e Terras Indígenas bemcomo o ordenamento fundiário de todas as terras públicasda região da Bacia do Xingu;3.A imediata criação da Reserva Extrativista do MédioXingu;4.A imediata demarcação da Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca, com oassentamento digno dos ocupantes não-indígenas, bemcomo a retiradas dos invasores da TI Parakanã;5.A implementação de medidas que efetivamente acabem como desmatamento, com a retirada de madeira ilegal e com a grilagem deterras;6.O incremento de políticas públicas que incentivem oextrativismo e a consolidação da agricultura familiarfeita em bases agroecológicas e que valorizem e estimulem acomercialização dos produtos da floresta;7.Efetivação de políticas públicas capazesde promover a melhoria e instalação de sistemas detratamento de água e esgoto nos municípios;8.O incremento de políticas públicas que atendam asdemandas de saúde, educação, transporte,segurança adequadas às nossas realidades;9.Desenvolvimento de políticas públicas que ampliem edemocratizem os meios de comunicação social;10.O incremento de políticas públicas para a ampliaçãodas experiências de recuperação de matas ciliarese de áreas degradadas pela agropecuária, extraçãode madeira e mineração;11.Que nenhum outro dos formadores do Xingu venha a ser barrado, como jáaconteceu ao Rio Culuene com a implantação da PCHParanatinga 2; 12.Proteção efetiva do grande corredor desócio-biodiversidade formado pelas terras indígenas eunidades de conservação do Xingu.