Economista descarta possibilidade de volta da hiperinflação

26/05/2008 - 20h10

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente do Conselho Regional de Economia do Rio deJaneiro (Corecon/RJ),  João Paulo de Almeida Magalhães, disse hoje (26) que a alta depreços registrada no atacado, em nível mundial, já estátendo efeitos no Brasil. Ele descartou,no entanto, a possibilidade de que isso resulte em aceleração indefinida de preços oumesmo na volta da hiperinflação. “Esse negócio não existe [risco de hiperinflação]. No Brasil,existe um medo excessivo de qualquer repique inflacionário”, observou.O economista  informou que a inflação hoje observada no mundo tem origem, em boaparte, nos alimentos e que alguns países emergentes que estão sofrem os efeitos dessa alta jáestão flexibilizando suas metas de inflação. “O que o Brasil não fezabsolutamente”, criticou.Para Magalhães, existem alternativas para controlar a inflação, distintas da política de elevação dos juros que é praticada pelo Banco Central,  seguindo o exemplo de países desenvolvidos. O economista defendeu a política de rendimentos, como fazem países da Ásia e que serviu de base ao Plano Real, para o combate à inflação.

Ele disse que, naquela época, o governo brasileiro estabeleceu a remuneração dos agentes econômicos em um nível real médio. “Fez a mesma coisa com aluguéis. E com isso, conteve a inflação", lembrou. 

Como exemplo, o economista citou o relatório da  Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad),  que mostra como “países da Ásia, que estão conseguindo juros baixos e estão crescendo aceleradamente,  com inflação igual ou menor que o Brasil, estão aplicando políticas de rendimento e não políticas monetárias”.

O presidente do Corecon/RJ  lembrou que, na Coréia do Sul, na época crítica dos choques do petróleo, nos anos 70, a inflação chegou  a 20% ao ano, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país, crescia a 9%. “E isso não determinou uma hiperinflação”, constatou. Magalhães citou também a Argentina, cuja inflação se situa em 20%, numa trajetória ascendente há seis anos. “Portanto, não há  muita razão de medo”, sinalizou.