Criação da Unasul muda geopolítica da América do Sul, diz Lula

26/05/2008 - 8h37

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente LuizInácio Lula da Silva disse hoje (26) que a criaçãoda União Sul-americana de Nações (Unasul) muda ageopolítica da América do Sul, tornando ospaíses-membros “mais fortes e mais soberanos”. Para Lula,o feito representa a realização de um sonho.“Parecia uma coisaimpossível porque aqui, na América do Sul, fomosdoutrinados para acreditar que não daríamos certo emnada, que somos pobres, que brigamos muito e que temos que dependerdos Estados Unidos e da União Européia”, afirmou.Chefes de Estadosul-americanos se reuniram na última sexta-feira (23), emBrasília, para uma reunião de cúpulaextraordinária da Unasul. O marco legal já havia sidoestabelecido pela diplomacia dos países envolvidos e osúltimos detalhes foram definidos em maio.Em seu programa derádio semanal Café com o Presidente,Lula ressaltou que o tratado que cria a Unasul vai facilitarnegociações com outros blocos, além depossibilitar a construção de ferrovias,rodovias, pontes e linhas de transmissão. “Acho que foi arealização de um sonho. Mas ainda vamos ter quetrabalhar muito para consolidar as coisas práticas.”Diante do ceticismo porparte de alguns países sul-americanos e da possibilidade deque a Unasul fique apenas no papel, Lula se mostrou otimista ereforçou que a América do Sul apresenta um quadro de“evolução extraordinária”. Para ele, épreciso que o Brasil invista em países como Paraguai, Uruguaie Bolívia – nações consideradas“economicamente mais frágeis”.“Temos obrigaçãode ajudá-los porque, quanto mais forte economicamente forem ospaíses da América do Sul, mais tranquilidade, paz,democracia, comércio, empresas, empregos, renda edesenvolvimento.”Lula reconheceu que "na verdade muita coisa ainda não se concretizou" e lembrou que outra iniciativas estão em andamento, como o Banco da América do Sul."Vamos caminhar para, no futuro, termos um Banco Central único e moeda única. Isso é um processo, não é uma coisa rápida". Já em relaçãoà proposta brasileira de criação de um ConselhoNacional de Defesa Sul-americano – que acabou derrubada durante areunião de chefes de Estado – Lula acredita que, caso oBrasil possa “elaborar melhor a proposta e tirar algumasconvergências” nos próximos 90 dias, a idéiapoderá ser aprovada.“Averdade é que, dos doze países, apenas a Colômbiacolocou objeção. Depois, conversei com o presidenteUribe [da Colômbia]. Vamos voltar a conversar. Estouviajando à Colômbia no dia 20 de julho. E acho que ascoisas vão se acertar.”A proposta seráanalisada nos próximos 90 dias por um grupo de trabalho da Unasul. Ainiciativa foi anunciada pela presidente do Chile, Michelle Bachelet,na última sexta-feira, em coletiva no Palácio doItamaraty.