Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - “Quero minha liberdade de ir e vir. Nãocometi nenhum crime e quero minha liberdade de volta”. Esse foiapelo feito hoje (6) pelo bispo do município de Xingu (PA),dom Erwin Kräutler, durante reunião da Comissão daAmazônia, Integração Nacional e deDesenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados. Dom Erwin éumas das 300 pessoas ameaçadas de morte no Pará pordenunciar agressões a índios, tráfico de sereshumanos, exploração sexual de crianças eadolescentes e pedofilia.Segundo o bispo, quando uma pessoa“levanta a voz” em defesa dos índios, do meio ambiente,grandes interesses são contrariados e “parte-se para airracionalidade e para o ódio”. “O ódio sempre quereliminar o outro”, disse.O bispo da Diocese da Ilha deMarajó (PA), dom José Luiz Azcona voltou a cobrar dogoverno medidas para proteger as pessoas ameaçadas. Para oreligioso, há um esfacelamento do Estado na região. “Háum total esfacelamento das estruturas [do Estado]. Issoexplica porque 300 pessoas estão ameaçadas de morte”,criticou.De acordo com bispo José Luiz Azcona, emMarajó meninas e meninos estão se vendendo por doisquilos de carne e três quilos de óleo combustível.“Nenhuma dessas denúncias é nova e as autoridades nãofazem nada. São omissas”, afirmou.O procurador daRepública do Ministério Público na Regiãodo Pará, Felício Pontes Junior, afirmou que osproblemas no Pará são o “fim da linha” de umprojeto de desenvolvimento do Amazonas que não levou emconsideração a opinião dos povos da floresta.“Esses projetos acarretaram muito mais problemas do que soluções”,assinalou.Nunca houve, ressaltou o procurador, falta derecursos para projetos sociais na região e sim máadministração. “Sempre houve dinheiro entrando nessasáreas para projetos de desenvolvimento. O problema ocorriaporque os projetos não eram de desenvolvimento pensando nospovos da floresta. Eram para quem tinha acesso aos recursos da Sudam,em sua maioria do Sul e Sudeste do Brasil, que se instalaram comomadeireiros e fazendeiros”, criticou.Uma alternativaapontada pelo procurador seria a implantação do que eledenominou de projeto desenvolvimento sócio-ambiental, em queos povos da floresta utilizam os recursos naturais sem destruir omeio ambiente.A presidente da comissão, deputadaJanete Capiberibe (PSB-AP), disse que vai pedir ao presidente LuizInácio Lula da Silva a criação de uma forçatarefa, composta por vários órgãos da União,para atuar imediatamente no Pará. “Precisamos combater ocrime e a violação dos direitos humanos na Amazônia”,defendeu.