Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - "Mexer no Tratado de Itaipu seria um desserviço para o Paraguai e para o Brasil". A opinião é do diretor-geral da Itaipu Binacional, Jorge Samek, que participa hoje (6) de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputrados, para debater o Tratado. Ele disse, no entanto, que é possível rever o preço da energia paga pelo Brasil ao Paraguai, sem alterar o Tratado, mas considera que a tarifa atual está na média dos preços praticados no Brasil, ou seja, superior a US$ 40 por megawatt/hora.Samek ressaltou que o Brasil tem interesse no desenvolvimento do Paraguai e que irá ajudar o país vizinho em projetos, como a construção de linhas de transmissão. Segundo o diretor da Itaipu Binacional, 65% do que é arrecadado com a produção de energia em Itaipu são usados para pagar dívidas e juros da empresa, 18% vão para o pagamento de royalties e 15% são para pagar a manutenção da usina.O presidente da Itaipu Binacional admitiu discutir as propostas que serão apresentadas pelo Paraguai e afirmou que está aberto a qualquer negociação, desde que não envolva alterações no Tratado. “O Paraguai é meu sócio, como eu não vou negociar com ele?”, questionou o diretor. Ele disse que ainda não recebeu oficialmente nenhuma proposta do presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, e lembrou que a tarifa da energia de Itaipu já foi renegociada anteriormente. “Não podemos dizer que é inalterável, imexível. Quem trata dessa forma não discute, não quer construir”, afirmou. Apesar de defender que o tratado não seja alterado, Samek disse que os anexos, que tratam entre outras coisas das questões financeiras da Hidrelétrica, podem ser revistos. “Não se faz omelete sem quebrar ovos. Essa conversa de dizer que vai ajudar o Paraguai, mas que não pode mexer em Itaipu, não vai ajudar. Aí, não tem como se consolidar um processo de construção de uma integração melhor”, disse. Na avaliação do diretor, em 2023, quando Itaipu já tiver quitado toda a dívida que assumiu para a construção da usina, os dois países vão começar a lucrar com o empreendimento. “A partir daí, Paraguai e Brasil vão sentar em cima de uma casa da moeda”, disse, lembrando que a empresa terá uma receita de US$ 1,6 bilhões por ano.