Conselho de defesa dos direitos humanos vai apurar ameaças a bispos no Pará

06/05/2008 - 15h24

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Umacomissão do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humanavisitará, ainda neste mês, cidades dointerior do Pará para apurar denúncias de casos detráfico de seres humanos, exploração sexual decrianças e adolescentes e pedofilia na região. Orequerimento foi aprovado hoje (6) em reunião extraordináriado conselho, da qual participaram os bispos dom Luiz Ascona,dom Flávio Giovanelle e dom Erwin Krautler, além dopadre José Amaro Lopes, todos ameaçados de morte emmunicípios paraenses.

Acomissão deve chegar a Belém, capital do estado, no próximo dia 19 e seguir para as localidades que registram omaior número de denúncias, como Abaetetuba, Prelado doXingu e Anapu.

Orelatório final – que será encaminhado ao governofederal – incluirá medidas como a instalação deum posto da Polícia Federal em Abaetetuba. Segundo o deputado federal Zenaldo Coutinho(PSDB-PA), líder da minoria na Câmara dos Deputados emembro do conselho, o município é considerado “corredor do tráfico de drogas” noestado.

Ele disse que é preciso cobrardas autoridades públicas do estado do Pará e do governofederal serenidade na apuração dos fatos epunição dos envolvidos em tais crimes. "Se houverdeterminação política, vontade dos agentespúblicos, sobretudo do governo do estado e do governo federal,acho que a gente reverte de maneira muito ligeira.”

Outraproposta é a instalação de uma comarca (áreajurisdicional que abrange um ou mais municípios) em Anapu –cidade onde a missionária norte-americana naturalizadabrasileira Dorothy Stang foi assassinada com seis tiros em 2005.

O párocode Anapu, José Amaro Lopes de Souza, que trabalhou com Dorothy Stang durante 15 anos, lembrou que hoje é o segundo diado novo julgamento do réu confesso da missionária e lamentou aimpunidade na região. “Ascoisas acontecem e as pessoas não são punidas. Vejo acoisa andar muito lentamente. A gente não quer vingança.Queremos mesmo que se faça justiça.”

Segundo o deputado Zenaldo Coutinho, ao denunciarem a ausência do Estadoe pedirem uma presença mais forte da Polícia Federal narepressão aos crimes, os religiosos são ameaçados de morteporque “estão contrariando os interesses das organizaçõescriminosas”.

Assim como os bispos e o padre José Amaro, o deputado admite a inexistênciade um modelo de desenvolvimento voltado exclusivamente para aspeculiaridades da região Amazônica. “Infelizmente,até agora não. Temos, no estado do Pará, omacrozoneamento ecológico, mas precisamos fazer o microzoneamentoe, a partir daí, pelas vocações locais, definiras ações próprias, eliminando os conflitos quehoje ocorrem na região por falta de planejamento.”