Secretário da Unctad defende globalização com desenvolvimento social

25/04/2008 - 21h22

Mylena Fiori
Enviada Especial
Acra (Gana) - Depois de seis dias de debates sobre as oportunidades e os efeitos daglobalização para o desenvolvimento, o secretário-geralda Conferência das Nações Unidas para o Comércioe o Desenvolvimento (Unctad), Supachai Panitchpakdi, concluiu que échegada a hora da segunda geração do processo deliberalização e integração dos mercados.Nesta nova etapa, segundo ele, os lucros devem ser distribuídoseqüitativamente entre todos os países. E osprincipais atores desta nova fase da economia mundial são asnações em desenvolvimento, o Sul do planeta."Acreditoque isso será o começo de um maior envolvimento dacomunidade internacional, no qual não repetiremos os erros.Devemos apenas dar continuidade às coisas positivas econstrutivas da primeira etapa da globalização",afirmou hoje (25), ao fazer um balanço da 12ª Unctad,realizada em Acra (Gana).Na avaliação deSupachai,esta segunda geração da globalização nãodeve considerar apenas o crescimento econômico, mas precisafocar no desenvolvimento social, dando ênfase a áreascomo educação e saúde, entre outras. "Aglobalização segue excluindo muitos", reconheceu,mais tarde, durante discurso na sessão de encerramento daconferência.A crise mundial de alimentos foi citadapelo secretário-geral como um dos temas principais daconferência. Segundo ele, devido ao problema, a 12ª Unctaddedicou grande parte dos debates ao desenvolvimentoagrícola.Supachai também lamentou o atrasonessa discussão. "Se tivéssemos feito isso hádécadas, não preveniríamos, mas reduziríamosos seus efeitos", constatou. "O comércio sozinho nãoresolverá nada, isso é certo",admitiu.Ex-diretor-geral da Organização Mundialdo Comércio (OMC), Supachai afirmou que a ajuda emergencial énecessária e deve ser articulada com outros organismos eagências que tratam de alimentação, mas conclamoupor medidas estruturais para soluçõesduradouras."Neste encontro, fomos cobrados por soluçõesemergenciais em termos de mobilização de fundos para oPrograma Mundial de Alimentos, das Nações Unidas”,ressaltou Supachai. “Tivemos sucesso nessa mobilização,mas não vamos solucionar o problema se continuarmostrabalhando apenas em medidas emergenciais de curto prazo. Essacrise vai voltar e voltar. Temos que ser capazes de atacar a raiz doproblema", ponderou.De acordo com Supachai, a prioridadeda Unctad, neste momento, é solucionar o problema crônicode fome na África. Para isso, foi firmado um novo acordo desolidariedade para o desenvolvimento africano. "Trabalhamos bema África nos últimos cinco anos em termos demobilização de investimentos, em termos de governança,de políticas macroeconômicas. Mas este novo acordo paraa África significa que devemos ser capazes de capacitar oEstado para que seja orientado para o desenvolvimento", disse."O desenvolvimento agrícola é parte deste novoacordo para a África.”