Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O 1ºvice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto LuizD’Avila, defendeu hoje (15) a elaboração de umapolítica pública de interiorização daestrutura de assistência à saúde. Para D´Ávila,não há falta de médicos no país e, sim,uma distribuição bastante irregular dessesprofissionais. Segundo ele, o Brasil possui 174 escolas de Medicina,que formam a cada ano cerca de 15 mil médicos.“Você tem quelevar as condições mínimas de infra-estruturapara dar um atendimento de qualidade, com uma equipemultiprofissional, com condições para que o médicotambém consiga fazer uma educação continuada,que possa freqüentar congressos. Ou seja, você tem quecriar uma carreira, um plano de cargos e salários e carreirapara que o médico possa se dispor a ir para o interior”,sugeriu.Para o dirigente doCFM, a falta de estrutura de saúde decorre da ausênciado Poder Público, que deveria criar um plano de carreira para os médicos igualao da magistratura ou do Ministério Público. “Issonão é impossível. Não é difícil.É uma questão de vontade política. O Brasilprecisa não é de mais médicos, mas sim de bonsmédicos e uma melhor distribuição desses médicosno território brasileiro”.Estudo divulgado hojepela Fundação Getulio Vargas (FGV) confirma que oproblema mais grave no Brasil é que os profissionais médicosestão mal distribuídos pelo país.Segundo olevantamento, o estado do Rio de Janeiro e o Distrito Federalapresentam os maiores índices de médicos por habitante:o primeiro com um médico para cada grupo de 299 habitantes e osegundo com 292 habitantes por profissional.Em entrevista àAgência Brasil, D´Avila afirmou que a OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) preconiza desde a década de 80que haja “no mínimo um médico para cada milhabitantes”. A pesquisa da FGV, com dados relativos a 2005, revelaque havia naquele ano um médico para 595 habitantes noBrasil.O vice-presidente do CFM afirmou que no Nordestebrasileiro há uma grande concentração dosmédicos nas capitais e na faixa litorânea, deixando aregião agreste sem profissionais. Ele citou o caso de Maceió(AL), que tem 92% dos médicos do estado, enquanto apenas 8%estão na Zona da Mata e muitos poucos no sertão. “Nossogrande problema não é a falta de médicos. NoBrasil não faltam médicos”, assegurou.Deacordo com o dirigente, na próxima quinta-feira (17), osmédicos irão realizar um ato público noCongresso Nacional com o objetivo de chamar a atençãopara as dificuldades enfrentadas pela saúde pública. Eles reivindicam a regulamentaçãoda Emenda Constitucional 29 (que assegura percentuais mínimos que deverão ser investidos em saúde pública pela União, pelos estados e municípios), ainda não aprovada peloCongresso. A interiorização dos médicose a melhoria da estrutura de atendimento à saúde estãoincluídas na pauta de reivindicações.“Nósdefendemos que a assistência de qualidade não se fazsomente com médico. Mas se faz com uma equipemultiprofissional, com infra-estrutura, com a questão dareferência e das contra-referências, que é ter umlugar para transferir os pacientes graves que você nãoconsegue resolver naquela localidade porque ela é pequena enão tem os recursos mais avançados. Tudo isso faz partedessa luta em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS)”,afirmou.