Para diretor da Aneel, preço máximo da energia de Jirau não deverá afastar competição

10/04/2008 - 17h40

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mesmo com o preçomáximo do megawatt/hora fixado em R$ 91, abaixo dos R$ 122estabelecidos para a energia gerada pela usina de Santo Antônio, o leilão dausina de Jirau, marcado para o dia 12 de maio, deverá tercompetitividade. A avaliação é do diretor daAgência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) EdvaldoAlves de Santana, que foi o relator do edital do leilão. “A economia estáincentivadora de bons negócios, está estável.Não se deve levar em conta que a competição emuma licitação vai ser só por causa de o preçoser um ou outro. As condições econômicas favoráveisestimulam a competição e a atração deempreendedores”, disse. Para Santana, até mesmo se odeságio (diferença entre o preço máximo e o preço final do leilão) for baixo, haverá competição.“Se o deságio for de R$ 2, já poderá haveroportunidade de competição”, afirmou. No leilãoda usina de Santo Antônio, o deságio foi de 35%, e oconsórcio vencedor ofereceu o menor preçopara a energia: R$ R$ 78,87 por megawatt/hora. Segundo o diretor, o preço máximo estabelecido para oleilão de Jirau é mais alto que o de outrospaíses, como os Estados Unidos. “Lá, o preçofica entre US$ 40 e US$ 50. Agora é que o preço [no Brasil] está chegando a um nível onde jádeveria estar há muito tempo”, comparou. A diretoria da Aneelaprovou hoje (10), em reunião extraordinária, o editaldo leilão da usina de Jirau e estabeleceu o teto de R$ 91 parao megawatt/hora. A decisão contraria recomendaçãodo Tribunal de Contas da União, de baixar o teto para R$ 85. Santana lembrou que a Aneel apenas acatou a determinaçãodo Ministério das Minas e Energia.Ontem (9), o ministrodas Minas e Energia, Edison Lobão, disse que a reduçãodo preço poderia diminuir a competitividade entre osinteressados. O edital aprovado pelaAneel também estabelece que o vencedor do leilão deverá vender no mínimo 70% da energia gerada pelausina às distribuidoras, restando 30% para o mercadolivre. Isso possibilitaria o chamado subsídio cruzado, no qualas empresas vendem energia mais cara para o mercado de alta tensão e reduzem os preços ao consumidor. Para Santana, essaprática é comum. “Os subsídios cruzados entrea indústria e o consumidor residencial existem em qualquerlugar do mundo. Se o empreendedor vender no mercado livre por umpreço maior, como é livre, o consumidor grande vaicomprar se quiser”, explica. As empresas que participaram do leilão da usina de Santo Antônio informaram que por motivos de estratégia não se manifestariam sobre os itens do edital para o leilão da usina de Jirau. A Odebrecht, vencedora do primeiro leilão em parceria com Furnas Centrais Elétricas, não confirmou oficialmente a participação na disputa do dia 12 de maio, assim como a Suez, que foi parceira da Eletrosul. Já a Camargo Corrêa confirmou que disputará a construção da usina de Jirau, mas não definiu ainda os parceiros.A usina hidrelétricade Jirau vai começa a gerar energia em 2013. A capacidadeinstalada da usina é de 3,3 mil megawatts de potência,mas ela deverá gerar 1.975,3 megawatts médios.