Débora Xavier
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mais recursos para asaúde pública, apesar de imprescindível, nãoresolve todos os problemas médicos do brasileiro, disse opresidente da Associação Médica Brasileira, JoséLuiz Gomes do Amaral, ao comentar a aprovação doprojeto de lei complementar regulamentando a Emenda 29. A iniciativa fixapercentuais mínimos a serem investidos em saúde públicapela União, estados e municípios. “Além demais recursos o sistema público de saúde precisa aindamais, que esses recursos sejam bem aplicados”, disse. De acordo com JoséLuiz, nos últimos seis, sete anos, o orçamento da saúdeaumentou quase três vezes. Contudo, apontou, a remuneraçãopara as atividades diretas, do ponto do atendimento médico,não aumentou quase nada. “Entidadesfilantrópicas, como as Santas Casas, que fazem 60% dosatendimentos do SUS no Brasil, estão com enorme dificuldades.A tabela do SUS e a remuneração dos médicoscontinuam praticamente as mesmas”, denunciou. Para José Luiz,não existe um plano de carreira que incentive a interiorizaçãodos médicos, por isso ainda subsiste “grandes lacunas” naassistência médica em várias regiões dopaís. “Em qualquer lugar domundo o incentivo à interiorização depende dacriação de um plano de carreira e o estabelecimento depostos de trabalhos, onde os médicos são mais escassos.A partir daí, os médicos iriam buscar esses postos paraevoluir na carreira”, explicou. Para o presidente daassociação médica, a idéia do Ministérioda Educação de permitir o pagamento do créditoeducativo com a fixação em determinadas regiõestalvez não seja a melhor forma de solucionar a falta demédicos no interior do país. Segundo ele, osmunicípios mais isolados necessitam de médicos maisexperientes, com uma ampla capacidade de atendimento, e nãocom capacidades pontuais, mais comuns nos recém egressos naprofissão médica. “Isso é o que funciona nomundo inteiro”, enfatizou. José Luizafirmou que atualmente os recursos destinados à saúdepública correspondem ao mesmo montante investido no setorprivado. “Só que essa quantia, no setor privado, se destinaa apenas 40 milhões de brasileiros, o que corresponde mais oumenos a 20% da população. Com essa mesma quantia ogoverno atende ao restante da população, ou seja, a 150milhões de pessoas”, disse. O médico avaliouque para que o sistema público de saúde tenha a mesmaqualidade do setor privado, precisaria multiplicar essesinvestimentos por quatro a cinco. “E olhe que as pessoas que hojetêm assistência privada não estão aindatotalmente satisfeitas, há uma série de reclamações.Portanto podemos avaliar quão distantes nós estamos doideal. O Brasil está muito longe dos países bemsucedidos em termos de investimentos em saúde”, afirmou. De acordo com oscálculos do presidente da Associação MédicaBrasileira, a regulamentação da Emenda 29 iráaumentar os recursos para a saúde apenas em 50% dos atuaisvalores investidos. “Nós gostaríamos que aumentasse500% para chegar ao nível da medicina privada, para pelo menoschegar ao nível da medicina privada”, disse. Ele fez questãode ressaltar, no entanto, que o aumento no volume dos recursossignifica perspectivas positivas para o futuro do Sistema Únicode Saúde.