Débora Xavier*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O epidemiologista Edmilson Migowski, professor da Universidade Federal do Rio (UFRJ), atribuiu à negligência do Poder Público as epidemias de dengue ocorridas no país. Segundo Migowski, isso acontece em todos os níveis."Não combatem eficientemente o mosquito [Aedes aegipty, transmissor da doença], não dãoexplicações dos exames aos pacientes, nãodistribuem água nem soro oral nos corredores do hospitais. E averba para pesquisa é insuficiente”, disse o epidemiologista, em entrevista ao programaRevista Brasil, da Rádio Nacional AM. Segundo ele, a dengue é uma das doenças mais bemestudadas, mas a população ainda não ésuficientemente informada sobre algumas questões fundamentais: “Nãoexiste um remédio antitérmico que tenha sidodesenvolvido para a doença. Por falta de apoio, a gente nãorealiza esse tipo de pesquisa com segurança.”Migowski lembrou também que ainda não existe uma vacina para combater adoença. O que há é um estudo para a vacina, que poderá daqui a quatro anos apresentar resultados. “Avacina tem uma formulação interessante. É umavacina de vírus vivo atenuado, um vírus enfraquecido,portanto, tem algumas limitações de uso: as pessoas queforem imunodeprimidas, que tiverem um comprometimento da respostaimunológica não vão poder fazer esse tipo devacina”, explicou. Ele explicou que quem játeve qualquer tipo de dengue nãoestá imune e pode contrair outro tipo, já que não existeproteção cruzada. “Quem teve o tipo 2 nãoterá mais o tipo 2, mas poderá ter os tipos 1, 3e 4." O professor enfatizou que a população tem de ser melhor informadasobre o perigo de pessoas com suspeita de dengue tomarem algummedicamento que tenha por base o ácido acetilsalicílico, como aaspirina. “Esses medicamentos diminuem as funções daplaqueta, que é o elemento que está presente no sangue.Assim, elas tendem a ficar bastante reduzidas no paciente com dengue”,afirmou.Para Edmilson Migowski, a melhormaneira de combater a doença ainda é exterminar a larvado mosquito. Mesmo porque, o vírus tipo 3, que predominaatualmente, tem um comportamento mais agressivo. No entanto, aindaprevalece a tendência de contrair a forma hemorrágica dadoença, a pessoa que se infectar uma segunda vez,independentemente do tipo do vetor. Ele afirmou que o temor agora otemor maior é que o vírus tipo 4 seja introduzido noBrasil. “Isso poderá agravar mais a situação,porque poderá contrair a doença uma populaçãoque já está exposta previamente aos vírus tipo1, 2 e 3. Quando a dengue acomete mais de uma vez a mesmapessoa, a tendência é ter uma doença de maiorgravidade”, advertiu.