Educação e emprego são prioridade para jovens do Distrito Federal

29/03/2008 - 18h47

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mais de mil jovens de movimentos estudantis, religiosos e partidários participaram hoje (29) do primeiro dia da 1ª Conferência Distrital de Juventude. Distribuídos em grupos de estudos, os jovens avaliam problemas e discutem soluções para seis tópicos, as chamadas bandeiras: família, sexualidade e diversidade; trabalho; educação, cultura, tempo livre e mídia; violência e drogas; cidades e meio ambiente; política e participação e liberdade democrática.Amanhã (30), ao final do encontro, os jovens votam as propostas que serão levadas para a 1ª Conferência Nacional de Juventude, prevista para o final do próximo mês, em Brasília, e escolhidos 15 delegados que irão apresentá-las e representar o Distrito Federal na discussão em âmbito nacional.Para o subsecretário de Juventude do Governo do Distrito Federal, Luciano Lima, a conferência na capital federal e as outras que estão sendo realizadas em todos os estados do país, são fundamentais para fazer do jovem protagonista de sua história e fortalecer os gestores da juventude. "O importante é sairmos daqui com propostas para encaminhar ao governo distrital, ao governo federal. Temos tudo para sair daqui respeitados, para que tenhamos nossa vez, nossa voz.”Segundo Lima, a educação e o emprego são as grandes preocupações para a juventude. “A gente tem que trabalhar na base: educação eficiente, de qualidade, e o primeiro emprego. Precisamos dar ao jovem sua primeira oportunidade. A partir daí, conseguiremos implementar todas as outras políticas públicas.”Luciano Lima disse que as visitas às cidades satélites de Brasília mostram grande ociosidade entre os jovens, mas também evidenciam que eles estão “sedentos” de participação e, por isso, o Estado tem que estar presente. “Políticas públicas como tendas culturais, vilas olímpicas, escola integral, escolas técnicas. É dessa forma que a gente vai aproximar o jovem do Estado e ocupar o seu tempo para que bandidagem não tome conta deles por nós”.A coordenadora da Pastoral da Juventude da Arquidiocese do Distrito Federal, Monalisa Vieira, uma das representantes da sociedade civil na abertura da conferência, destacou a preocupação da entidade com educação do jovem, tanto em relação à aquisição do conhecimento quanto à formação ética e política. ”Queremos uma educação de qualidade, onde não se ensine só português e matemática, mas se ensine também o jovem a ter o próprio poder de decisão”, afirmou.Para ela, a atual metodologia usada no ensino médio é limitadora e não favorece o crescimento dos jovens. “É uma questão pedagógica. Escola a gente tem, professores a gente tem, só que falta mudar essa metodologia de ensino”. Monalisa criticou a falta de uma língua estrangeira no currículo do ensino básico. “Só porque somos um país de Terceiro Mundo não podemos investir nisso, ou é o governo que não quer que a gente aprenda mais para ter mais força e lutar por nossos direitos? Eles limitam a gente. É como se o jovem fosse massa de manipulação – é assim que o jovem se sente. Queremos mudar essa imagem de que jovem é só drogas e violência”, argumentou.Natural de uma aldeia com cerca de 12 mil moradores em Santa Cruz de Cabrália, na Bahia, o índio Kakai, de 22 anos, participou do primeiro dia da conferência. Ele parou de estudar na 6ª série e veio para Brasília para vender artesanato, já que na aldeia havia poucas oportunidades, tanto de lazer quanto de trabalho. “A única diversão que tem lá é um campo de futebol. Preferi parar de estudar e sai. Os outros que ficaram lá, ou trabalham na roça, ou na praia, mas o que se tira é muito pouco. A situação lá é difícil de se manter.”Para Kakai, falta oportunidade para os jovens no espaço dos adultos. Perguntado sobre o que espera das políticas públicas para a juventude, o jovem índio disse que espera melhora na educação. “A gente espera melhora no estudo, que falta não só lá na aldeia, mas acho que em todo o Brasil.”