Banco de dados foi montado por recomendação do TCU, diz ministra

29/03/2008 - 15h49

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - A ministra DilmaRousseff afirmou hoje (29), em entrevista coletiva, que, por recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU), a Casa Civilda Presidência da República montou um banco de dados paraorganizar os milhares de informações que circulamdiariamente no órgão. Segundo a ministra, o banco de dados éuma ferramenta criada para armazenar o vultoso número deinformações que passam pela Casa Civil, facilitar aprestação de contas e dar transparência aosgastos públicos. Ela lembrou que foi aberta sindicância e reafirmou que o Palácio do Planalto vai investigar até o último minuto para descobrir quem foi responsável pelo vazamento de informações sigilosas sobre despesas do governo.Na entrevista, a chefeda Casa Civil fez questão de esclarecer a diferençaentre banco de dados e dossiê, palavra que, segundo ela, temconotação pejorativa. “A mim me espanta essadenominação. Dossiê e banco de dados nãosão sinônimos. O que a Casa Civil tem é um bandode dados, e não um dossiê – isso tem de ficar muitoesclarecido, porque dossiê é uma prática querepudiamos no regime democrático.” O mais grave, de acordocom a ministra, é o vazamento da informação. “Équem está utilizando situações – que nãosabemos quais – quem formata esse tipo de documento de 13 páginas,que agora está com a Casa Civil, que abriu sindicânciapara investigar esse tipo de crime [vazamento de informaçõessigilosas].”Quantoaos gastos da ex-primeira-dama Ruth Cardoso com transportes, citadosem reportagem da revista Veja, a ministra disse que nãohá irregularidade. Ela explicou que, até setembro de2005, todo o transporte da Presidência da República eracontratado pelo sistema de contas tipo B (pronto pagamento) e que,depois disso, passou a ser por licitação."Eé deplorável que não se reconheça quegastos com hospedagem, alimentação e transporte sejamconsiderados gastos usuais, que se tenha uma visão distorcidadesses gastos. Por questões de segurança, esses gastostêm de ser sigilosos”, afirmou Dilma Rousseff. Paraela, a grande pergunta que o Palácio do Planalto faz hoje éa quem interessa o vazamento dessas informações. “AoPlanalto é que não é”, disse a ministra. “Sãodocumentos auditados, corretos, sigilosos, que ganharam ares deescândalo político para comprometer Fernando HenriqueCardoso e dona Ruth de forma fundamentada e tendo sido vazado por umórgão público. Não vamos admitir”,completou.A ministra negou que seja candidata à sucessão presiencial, em 2010 e falou sobresua convocação para esclarecimentos na ComissãoParlamentar Mista de Inquérito dos CartõesCorporativos, rejeitada nesta semana pela CPMI. Dilma disse queé direito do Parlamento investigar o que quiser, mas ressaltouos cartões corporativos foram analisados e não se encontrounada relevante no que diz respeito às contas do Paláciodo Planalto. “Das contas do governo, essa é a menor.” Dascontas dos ministérios, esclareceu Dilma, quem cuida éo ministro do Planejamento.“Sehouvesse interesse em ajudar a melhorar, em dar boas sugestões,perfeitamente, mas, se for para perder tempo... Porque hámuita coisa para ser analisada, no Palácio do Planalto, hámuita coisa para fazer. Prefiro passar 12, 13, 15 horas dentro do Palácio do Planalto com o PAC [Programa de Aceleraçãodo Crescimento], porque com ele o país terá umadistribuição de renda melhor em 2009/2010”, afirmou aministra.DilmaRousseff deu a entrevista na sede da Federação dasIndústrias do Paraná, onde se reúne nesta tardecom empresários para discutir as obras do PAC no estado.