Conferência ambiental paulista discutirá impactos da metrópole no campo

29/03/2008 - 9h04

Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A 3a Conferência Estadual de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, que se realiza hoje (29), discutirá problemas e questões diretamente ligadas às metrópoles, aos ambientes rurais, naturais e florestas, além da interrelação entre ambos. A informação é de Sourak Aranha Borralho, coordenador-executivo do encontro e assessor técnico do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).Segundo Borralho, o foco da conferência paulista serão esses dois eixos. “Nas metrópoles, temos questões que envolvem o trânsito. Nós temos hoje 800 carros por dia entrando na frota de São Paulo, com novas tecnologias que, ao longo do tempo, reduziram a emissão de poluentes. Mas o somatório desses carros vai dar hoje uma poluição semelhante à de épocas em que não se tinha toda essa tecnologia”, disse.Ele também enfatizou o padrão de consumo, "que não é em bases sustentáveis”. E lembrou: "Existe um apelo para que se consuma, a fim de alimentar o sistema. Mas ele não está resolvendo a questão do resíduo [lixo], embora exista uma nova cultura de reciclagem em desenvolvimento. O certo é a gente começar a diminuir o consumo de bens descartáveis e substituí-los por bens duráveis, mantendo a reciclagem dos demais. Isso é informação e a mídia deve contribuir para isso, pois está previsto na Constituição que cuidar do meio ambiente é dever de todos”.Segundo Borralho, os atuais níveis de consumo nas metrópoles aumentam o impacto sobre os ambientes naturais, de onde vêm as matérias-primas, os produtos de que necessitamos e a energia a partir da água.Sobre questões específicas da conferência paulista, ele destacou um ponto que afeta diretamente a Mata Atlântica, que é a especulação imobiliária. “No Estado de São Paulo, você tem de deixar 20% da mata de reserva legal, mas se você desmata 80%, o que sobrará? E nós temos aí em torno de 7%, 8% da Mata Atlântica original. A legislação prevê que se alcançarmos 5% não se poderá mais desmatar nada. E aí?”Na conferência ainda serão discutidos temas locais, como a possível construção da usina hidrelétrica de Tijuco Alto, no Rio Ribeira do Iguape, e de um porto privado em Peruíbe, onde existe uma reserva indígena. De acordo com Borralho, um documento final com as propostas e moções aprovadas deverá ser compilado e divulgado no final da próxima semana.