Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O vice-presidente daComissão dos Direitos Humanos da Câmara, deputadofederal Sebastião Bala Rocha (PDT-AP), defendeu hoje (25) oenvio de uma força-tarefa para a região do AltoSolimões, no Amazonas, para combater o tráfico e oconsumo de drogas entre os indígenas. Rocha afirmou que vai apresentar atéquinta-feira (27) uma indicação legislativa sugerindoao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,a criação de uma força-tarefa para reforçaro trabalho da Polícia Federal (PF) com a participaçãodas Forças Armadas.“O objetivo é eliminar as plantaçõesque foram identificadas e combater com rigor o tráfico queacontece na fronteira e que tende a prosperar com o vácuo depoder”, disse, em entrevista à Agência Brasil.“As forças de segurança têm que trabalhar emconjunto e de forma articulada, assim como acontece no combate aocrime organizado nas grandes cidades.”Sebastião Bala Rocha também pretendeapresentar requerimento para a realização de umaaudiência pública da Comissão dos DireitosHumanos sobre o assunto. De acordo com a assessoria de comunicaçãodo deputado, serão convidados o administrador da FundaçãoNacional do Índio (Funai) para o Alto Solimões, DaviFélix Cecílio, o delegado titular da PF de Tabatinga,Giovanni Lopes, o comandante do 8o Batalhão deInfantaria de Selva (8o BIS), tenente-coronel AntônioÉlcio Franco Filho, e o delegado-geral da Polícia Civildo Amazonas, Vinícius Diniz. Também seráconvidado o ministro da Defesa, Nelson Jobim.O alastramento do uso de cocaína e otráfico de drogas entre indígenas do Alto Solimõesfoi denunciado pelo administrador da Funai em Tabatinga àreportagem da Agência Brasil e da TV Brasil.Segundo Cecílio, a cocaína está presente nas 230 comunidades indígenas da região. Em entrevistas, índios dediversas aldeias próximas a Tabatinga confirmaram o problema.O deputado Sebastião Bala Rocha disse quesua intenção é sensibilizar o governo: “Issodeverá motivar o presidente Lula e o ministro da Defesa,Nelson Jobim, a adotarem as devidas providências.”Ele alertou para a necessidade de melhorar apresença do Estado brasileiro nas fronteiras, a fim de nãoabrir espaço para a atuação do narcotráficoe até mesmo de grupos como as Forças ArmadasRevolucionárias da Colômbia (Farc).“Essa preocupação com relaçãoao crime organizado está no mesmo nível da preocupaçãocom a internacionalização [da Amazônia]”,disse. “Utilizar índios no narcotráfico e aliciá-loscomo consumidores é uma das maneiras mais aviltantes deusurpar os seus direitos humanos. Por isso, há necessidade deo governo federal tomar medidas urgentes e duras, para nãodeixar isso prosperar. Esse caso de Tabatinga requer uma reaçãobastante drástica.”