Volume de crédito chega a 35% do PIB, o maior resultado desde maio de 1995

25/03/2008 - 15h08

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Relatóriodivulgado hoje (25) pelo Banco Central aponta que, em fevereiro desteano, a relação entre o volume de crédito e oProduto Interno Bruto (PIB) ficou em 34,9%, o maior resultado desdemaio de 1995, quando chegou a 35,1%. Anteriormente, essa relaçãochegou a 36,8%, em janeiro de 1995. O PIB é a soma soma detodos os bens e serviços produzidos no país. Na avaliaçãodo chefe do Departamento Econômico do Banco Central, AltamirLopes, as taxas de crescimento do volume de crédito no paíssão "bastante confortáveis" e nãogeram preocupação, já que a inadimplênciaestá "comportada".Aexpectativa, segundo Lopes, é que o volume de créditoneste ano cresça entre 20% e 25% em relação aoano passado, o que vai representar cerca de 40% do PIB. "Nãoé uma relação elevada quando se compara aeconomias similares à brasileira", avaliou. Segundo ele, a médiada relação entre o volume de crédito e o PIB, doperíodo 1994 a 2000, ficou em 37,97% no Brasil. Já noCanadá, o índice ficou em 60,57%, nos Estados Unidos44,19% e no Japão 116,79%."Não é umcrescimento muito forte no seu conjunto. Para alguns segmentos,evidentemente que tem crescimento mais forte", afirmou Lopes.Ele citou, por exemplo, o caso das operações deleasing, linha de empréstimo comumente usada na aquisiçãode carros. Essas operações cresceram em janeiro 5,2%,na média, em relação a fevereiro. "Para apessoa pessoa física, o crescimento foi de 8,4% no mês,em 12 meses, um crescimento de 96%, que também está emlinha com o comportamento do mercado de automóveis".AltamirLopes ponderou, no entanto, que boa parte das vendas de veículosé com pagamento à vista. Ele citou dados da AAssociação Nacional das Empresas Financeiras dasMontadoras (Anef). Segundo a instituição, em 2007, 28%das vendas de veículos foram à vista, 30% por meio deleasing, 38% por outros financiamentos e 4% por meio de consórcios.Em 2004, essas porcentagens eram de 34%, 10%, 47% e 9%,respectivamente.Ontem (24), o ministro da Fazenda, GuidoMantega, negou que o governo esteja estudando medidas para reduzir onúmero de parcelas de financiamentos. Segundo ele, o governopretende apenas assegurar o crescimento estruturado da economia pormeio do estímulo aos investimentos.O chefe doDepartamento Econômico do BC, disse desconhecer as medidascitadas pelo ministro, ao ser questionado sobre o assunto. "Nãoconheço as medidas e não as comento portanto",respondeu.Para Lopes, é preciso observarconstantemente os dados de inadimplência. "Evidentementetem que estar olhando sempre isso. Mesmo porque tem novos entrantespara esse mercado. A cada vez que se observa um novo tomador decrédito, tem que ter muito cuidado com análise de riscodesse novo agente, cujo histórico é desconhecido",disse.Ele acredita que as instituições têmcumprido bem o papel de fazer a análise de risco "uma vezque a inadimplência vem bastante comportada". "[Aindadimplência] é um indicador razoável da saúdedessas carteiras. Isso não significa que não possa ter[problemas] depois".Segundo dados divulgados hoje (25)pelo Banco Central, o prazo do financiamento para veículos, emfevereiro, chegou a quase 20 meses, ou 594 dias corridos. É omaior da série histórica, iniciada em 1994. No caso doprazo para pessoas físicas, de 447 dias, também éo mais elevado da série histórica. Para as empresas, oprazo médio foi de 303 dias, contra os 307 dias registrados emjaneiro.Para Lopes, na média, não se estápraticando prazos muito longos, como de 90 prestações."Se você fizer um financiamento tão longo,transcorrida a metade do prazo, a depreciação [do bem]é enorme", afirmou. Ele disse ainda que, para osfinanciadores, o risco é evitado, uma vez que as taxas dejuros devem ser elevadas o suficiente para cobrir um possívelprejuízo. "Com uma taxa que permita recuperar [o valor doveículo] na metade do prazo", exemplificou.