Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A queda acentuada do preço de produtosagrícolas, na última semana, a maior ocorrida num curtoespaço de tempo nos últimos 50 anos, foi apenas umajuste. A avaliação é do superintendente técnicoda Confederação da Agricultura e Pecuária doBrasil (CNA), Ricardo Cotta. Para ele, os fundamentos de oferta eprocura continuam sólidos e devem manter os preços dascommodities agrícolas num patamar elevado. As commodities são produtos emestado bruto ou com baixo grau de industrialização, quepodem ser estocados por determinado tempo, sem perda significativa dequalidade, e que possuem cotações globais. Por isso,quando os preços das commodities variam, o mercado mundialtambém é afetado, podendo, inclusive, causar grandesperdas para os países que as comercializam.Nos últimos 12 meses, as commoditiesagrícolas tiveram forte valorização, comprodutos como a soja e o trigo, por exemplo, chegando a dobrar ou atétriplicar seu preço. Isso ocorreu por conta do capitalespeculativo nas comercializações dessas commoditiesnas bolsas de valores e também por conta da expectativa decrescimento mundial, que eleva o consumo de alimentos. No entanto, naúltima semana, algumas commodities agrícolaschegaram a se desvalorizar em até 21%. “O que causou essa queda foi a saídadesse capital especulativo e sua ida para fundos menos arriscados. Eunão acredito em quedas acentuadas para um futuro próximo,ou seja, vamos continuar vivendo em patamares de preçosagrícolas acima das médias históricas,seguramente”, afirmou Cotta.Por isso, o superintendente da CNA nãoacredita que produtores segurem suas safras esperando que o preçovolte a subir. Também não há, segundo ele, riscode faltar produtos agrícolas para o consumidor brasileiro. “Os preços estão acima das médiashistóricas e o produtor quer fazer dinheiro com isso, paraaferir seus lucros. Essa queda brutal que nós tivemos foimuito acentuada por um curto período de tempo, mas isso aísignifica muito mais um ajuste em cima do percentual de capitalespeculativo, que está dentro da formação depreços das commodities, do que dos fundamentos sólidosque garantem esses preços em patamares superiores”, avaliou.Cotta disse que o perigo é o alastramentoda crise americana, que continuaria afetando o preço dascommodities, já que uma retração daeconomia americana também influenciaria na economia mundial.“Mas se a crise for se amenizando daqui para frente, há umatendência de recuperação a médio prazo nopreço dessas commodities”, completa.