Governo de Mato Grosso alega que Inpe errou em dados sobre desmatamento

25/03/2008 - 5h54

Marco Antônio Soalheiro*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um relatórioproduzido pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema) de MatoGrosso sustenta que em 89,98% dos pontos verificados em campo e apontados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) comoalvo de desmatamento no estado nos últimos meses de 2007, nãoocorreu corte raso de vegetação (confira ao lado a íntegrado relatório). Segundo a Sema, asinformações do Inpe com base no sistema Detecçãode Desmatamento em Tempo Real (Deter) não sãoconfiáveis para a comparação de dadosestatísticos de desmatamento. “Os dadosdisponibilizados pelo Inpe para acomunidade brasileira carecem de aferição em campo, pois os pontos Deter inspecionados em campo revelaram, em sua quase totalidade, ser de áreas que não sofreram corte raso [desmatamento]no período apontado pelo Deter”, afirma a Sema no relatório.A Secretaria de Comunicação do governo de Mato Grossoinformou que o governador Blairo Maggi só irá sepronunciar sobre o relatório após conversar sobre osdados com o presidente da República, o que, segundo o órgão, deve ocorrer nos próximos dias. ASema alega que, em 2007, o período seco em Mato Grosso seestendeu, o que provocou o agravamento e o alongamento das queimadase incêndios florestais. Isso, segundo a secretaria, pode terinduzido o sistema Deter a entender que o desmatamento se acentuou nofim de 2007: “Grande parte dos pontos Deter (46,53%) apresentavestígios de queimada, o que corrobora a tese de íntimaligação entre a estiagem, as queimadas e os incêndiosflorestais como fator limitante para a detecçãode desmatamentos no estado de Mato Grosso no período de setembroa outubro de 2007”. Noprocesso de checagem dos dados do Inpe, a Sema diz que usou oconceito de desmatamento enquanto supressão total da vegetaçãonativa com objetivo de uso alternativo do solo (corte raso). Asecretaria relata terem sido fiscalizados por uma equipe de 49técnicos 662 pontos em 51 municípios, 19 delespresentes na lista do Ministério do Meio Ambiente, entreos 36 que mais desmataram a Amazônia em 2007. Para a Sema, aaveriguação em campo invalida qualquer tese de aumentodo desmatamento no estado no fim de 2007: “Mantêm-se,portanto, como válidas as taxas decrescentes apresentadas peloProdes [Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia]nos últimos três anos para o estado de Mato Grosso.” Areportagem tentou entrar em contato, na noite de ontem (24), com o secretário de Meio Ambiente do Mato Grosso, LuizHenrique Daldergan, por telefone celular, mas não obtevesucesso.