Secretário de Saúde diz que o Rio vive uma epidemia de dengue

20/03/2008 - 16h16

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O secretário deSaúde do Rio, Sérgio Côrtes, disse hoje (20) que oestado vive uma epidemia de dengue, ao considerar "oportuna"a criação do gabinete de crise anunciada ontem (19)pelo Ministério da Saúde."Estamos em ummomento de epidemia de dengue. Temos que trabalhar nas açõesde controle e de assistência, e é o que temos feito. Játrabalhamos diariamente com os secretários [de Atençãoà Saúde, José Noronha, e de VigilânciaSanitária, Gerson Penna, que vão atuar junto com ogoverno fluminense nogabinete], mas agora vamos ter a presença físicadeles. Isso vai ser importante para agilizar alguns processos,algumas autorizações, que até entãoprecisavam ser enviadas para Brasília e agora vão poderser resolvidas daqui mesmo", disse.Segundo a notadivulgada ontem (19) pelo Ministério da Saúde, aprimeira tarefa do gabinete é levantar as necessidades depessoal para trabalhar em caráter de emergência edefinir as exigências na atençãoà saúde da população de risco.Segundo Côrtes, umareunião que estava marcada para a próxima segunda-feira(24), com a participação dos secretários deSaúde do estado e dos municípios da Baixada Fluminense,poderá ser antecipada para amanhã (21). O secretáriodisse que é suficiente a atuação de 1.200 homensdo Corpo de Bombeiros que estão trabalhando no combate àslarvas da dengue, principalmente no bairro de Jacarepaguá, nazona oeste, que concentra o maior número de casos da doença.Côrtesinformou que a secretaria deve criar nos próximos dias umacentral de atendimento telefônico, pelo 0800, para receberdenúncias da população sobre locais com focos doaedes aegypti, que serão checadas e combatidas pelosbombeiros.O secretário disse que só na próxima quarta-feira(26) as Forças Armadas devem se posicionar sobre apossibilidade de ceder leitos de suas unidades de saúde aoatendimento de pacientes com dengue. Até agora, segundo ele,não houve nenhum entendimento sobre o assunto.Ainda de acordo com osecretário, serão criadas na próxima semana, trêscentrais de hidratação com capacidade de atender atémil pessoas por dia. "Os pacientesrecebem a hidratação, quando for o caso, em umapoltrona instalada sob uma estrutura própria para esse tipo deatendimento. Isso vai acelerar o atendimento e ajudar a evitar ascomplicações ou reduzir a incidência delas",destacou.Hoje, a Secretaria deSaúde abriu mais dez leitos de tratamento intensivo no setorde pediatria do Hospital Pedro II, em Santa Cruz, na zona oeste, eprometeu abrir mais 80 no setor de enfermaria de outras unidades napróxima semana. Ao todo, o estado oferece, agora, 205 leitospara o atendimento a pacientes com dengue.O secretário desaúde do Rio também considerou exagerada a estimativade que o número de casos de dengue no estado seja 30 vezesmaior do que o anunciado pelos órgãos de saúde,conforme alerta divulgado ontem (19) pelo infectologista daUniversidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edmilson Migovski. "Esse númeronão tem base científica. Se fosse assim, uma em cadatrês pessoas estaria infectada e não é essa arealidade", afirmou. Ele defendeu, ainda, umtrabalho rotineiro de combate à dengue durante todo o ano edisse que essa será a meta de trabalho para este ano, a fim deevitar nova epidemia no próximo verão. "Estamos fazendotodos os esforços para enfrentar esse grave problema da denguee isso não pode se resumir a uma campanha de combate, sóagora. Estamos fazendo isso, o trabalho dos bombeiros não vaiparar, vai continuar o ano todo. Além disso, estamos estudandooutras estratégias com o Ministério da Saúdepara dar continuidade ao trabalho", disse sem dar detalhes sobreas estratégias.