Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente LuizInácio Lula da Silva reafirmou nesta quinta-feira (20) que ogoverno federal não pode lançar o Programa deAceleração do Crescimento (PAC) da Saúde, comopretendia, devido a não-prorrogação daContribuição Provisória sobre MovimentaçãoFinanceira (CPMF). A previsão dereceita com o imposto em 2008 era de cerca de R$ 40 bilhões -R$ 24 bilhões destinados àsaúde. Em cerimônia emFlorianópolis, Lula culpou a oposição pelonão-lançamento do PAC Saúde, mas assegurou quenão abrirá mão de mais nenhum programa por faltade recursos da CPMF. "A oposiçãotrabalhava com a seguinte idéia: não podemos votar aCPMF porque senão a gente vai dar mais R$ 120 bilhõespara o presidente Lula até 2010 e aí ele vai fazer oseu sucessor, então nós temos que prejudicar. Nãome prejudicaram em nada, prejudicaram foi o povo pobre deste país",afirmou Lula. "Não pensemque vou deixar de fazer os programas por causa da CPMF", frisou,lembrando que a economia está crescendo e, conseqüentemente,a arrecadação também. O desabastecimento deprodutos como cimento e ferro, e a escassez de máquinas emão-de-obra especializada são outras conseqüênciasdo crescimento, segundo o presidente. Na sua avaliação,o crescimento de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2007 nãoé nenhuma "sumidade", mas, segundo ele, o paísestava desacostumado a crescer. "Um monte decoisas que é normal ter num país não estátendo na medida em que a economia está crescendo porque o PIBpassou 26 anos sem crescer. As pessoas estão desabituadas como crescimento econômico", afirmou.O presidente tambémcriticou a ineficiência da máquina administrativa. ParaLula, a incapacidade do Estado de atender às necessidades dapopulação é um "problema crônico". "Muitas vezes vocêdecide, vamos fazer tal obra, o dinheiro esta disponibilizado nobanco para fazer essa obra, aí o prefeito não temprojeto. Se o prefeito tem projeto, às vezes o MinistérioPúblico entra com um processo, às vezes o meio ambienteproíbe fazer a obra. Há um descompasso e não éculpa de ninguém", disse Lula, culpando a estruturalegislativa. “As leis sãoassim, e fomos nós que fizemos. Quando nós somosoposição, fazemos a lei para atrapalhar a situaçãoporque a gente pensa que nunca vai ser governo", disse. O presidente lembrouque o PAC foi lançado em 22 de janeiro de 2007, logo no começodo segundo mandato, e por isso não pode ser chamado deeleitoreiro. Ele garantiu que as obras não beneficiam apenas governadores eprefeitos da base aliada. Como exemplo, citou R$8 bilhões destinados ao estado de São Paulo, governadopelo PSDB - R$ 1,1 bilhão para a capital, no comando do PFL.Outros R$ 4 bilhões, segundo Lula, destinam-se a Minas Gerais,estado governado pelo tucano Aécio Neves, e mais R$ 2 bilhõesvão para o Rio Grande do Sul, administrado pela "adversáriapolítica" Yeda Crusius. "Não cabe aum presidente da República, a um governador ou a um prefeitorepublicano ficar pedindo a ficha de filiaçãopartidária de moradores de um bairro, de um prefeito ou de umgovernador para fazer políticas públicas. As políticaspúblicas são feitas em função dasnecessidades da sociedade", disse o presidente. O presidente Lulaesteve em Florianópolis para o lançamento do programade revitalização do Morro da Cruz e para a assinaturados termos de doação de telecentros a municípiosdo estado deSanta Catarina.