Organização estima que economia dos EUA ficará estagnada no primeiro semestre

20/03/2008 - 15h44

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A economia dos Estados Unidos ficará praticamente estagnada nos seis primeiros meses do ano por causa da crise no mercado imobiliário do país. A estimativa é da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).Segundo relatório divulgado hoje (20) pela organização, o Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas de um país) norte-americano expandirá apenas 0,1% no primeiro trimestre e terá crescimento nulo no segundo trimestre de 2008.O documento não fornece dados comparativos, mas informa que a projeção de crescimento de 2% para os Estados Unidos em 2008, divulgada em dezembro pela mesma entidade, pode ser revisada para baixo no próximo relatório, que sai em maio.“A economia dos Estados Unidos está mudando de rota, se já não está em contração. Pode ser prematuro declarar uma recessão, mas com o ritmo da atividade abaixo do potencial, a lentidão econômica está aumentando rapidamente”, destaca a OCDE.A situação no país, acrescenta o relatório, também terá conseqüências no Japão e nos países da zona do euro. Isso porque, além da contração do crédito bancário, os preços da energia (principalmente do petróleo) e dos alimentos estão em alta.Em relação aos 15 países que adotam o euro como moeda, a OCDE estima que a desaceleração será menos intensa. De acordo com o documento, a projeção de crescimento do PIB desses países nos três primeiros meses de 2008 é de 0,4%. Para o segundo trimestre, no entanto, a previsão é de 0,5%.No Japão, a economia deverá encerrar o primeiro trimestre com expansão de 0,3%. Nos três meses seguintes, o crescimento previsto é de apenas 0,2%.Segundo a entidade, nem a queda do dólar em relação às principais moedas do mundo contribuiu para conter a escalada registrada nos últimos meses nos preços das commodities (bens primários com cotação internacional) para o Japão e os países da zona do euro.“Mesmo com a apreciação [valorização] da moeda na área do euro e numa extensão menor no Japão, a renda domiciliar está sendo comprimida pelos preços ascendentes da energia e dos alimentos”, ressalta o documento.A crise no mercado imobiliário norte-americano foi deflagrada porque imóveis usados pelos bancos dos Estados Unidos como garantia de empréstimos de alto risco (chamados de subprime) se desvalorizaram. Isso provocou prejuízos para as instituições que compraram essas dívidas, acarretando uma crise financeira que se espalhou para outros ramos da economia.“A economia real não está protegida da turbulência financeiras. Os efeitos na demanda provavelmente serão significantes”, avaliou o relatório. A OCDE é formada pelos 30 países mais desenvolvidos, que concentram mais da metade de toda a riqueza do mundo. O Brasil não faz parte da organização.