Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O crescimento do númerode suicídios entre os Tikuna, conforme relatosde lideranças indígenas da região de Tabatinga,envolve a vulnerabilidade social provocada pela ausência doEstado e questões culturais de relacionamento com a sociedadedos municípios vizinhos às aldeias.Este foi odiagnóstico de representantes da FundaçãoNacional do Índio (Funai) e da Coordenação dasOrganizações Indígenas da AmazôniaBrasileira (Coiab) ouvidos pela Agência Brasil sobreas causas das mortes.O coordenador geral daCoiab, Jecinaldo Barbosa Cabral, lembrou que falta de políticasde desenvolvimento sustentável nas aldeias compromete aperspectiva de vida dos jovens. Mas ressaltou o impacto cultural dosíndios ao frequentarem a cidade: “Eles sofrem discriminaçãona escola, nas ruas e perdem a auto-estima”. Cabral ressalvou anecessidade das autoridades promoverem inicialmente um levantamentoqualitativo e quantitativo confiável sobre os casos desuicídios indígenas. Há, segundo ele, imprecisãonos números, mas trata-se de um questão de“consequências gravíssimas”. O diretor deAssistência da Funai, Aloysio Guapindaia, reconhece a carênciade alternativas de renda enfrentada nas aldeias e defende umaatuação em duas frentes para se combater adequadamenteos atentados do índios contra suas próprias vidas. “Temos que atuar na preservação cultural, mas tambémna sociedade envolvente, no sentido de que possa compreender eaceitar melhor os índios. Ainda existe muito preconceito, quedecorre da falta de conhecimento”, afirmou.