Para entidade do setor financeiro, juros só voltarão a cair no segundo semestre

06/03/2008 - 21h43

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) manifestou apoio hoje (6) à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que manteve a taxa básica de juros em 11,25%, embora o Brasil tenha retomado da Turquia o título de taxa real de juros (descontada a inflação) mais alta do mundo: de 6,7% ao ano. De acordo com o conselheiro econômico da Acrefi, Istvan Kasznar, ainda não é hora de o Copom baixar a taxa Selic, taxa básica de juros da economia. Ele acredita na retomada do processo de redução da taxa básica de juros só a partir do meio do ano: "O momento é de cautela porque a crise norte-americana está apenas no começo".O presidente do Sindicato das Financeiras dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Secif), José Arthur Assunção, também é de opinião semelhante. Para ele, apesar de os juros altos inibirem o crédito e a produção, a manutenção da Selic ajuda a deter o avanço da inflação.A opinião de representantes do setor financeiro, no entanto, contraria o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto. Ele argumenta que os juros altos aumentam a valorização do real sobre as outras moedas, com prejuízo para os produtos brasileiros lá fora, que ficam mais caros.O resultado dos juros, segundo Monteiro, pode ser sentido com a redução gradativa do superávit na balança comercial (exportações menos importações) desde 2006. “De lá para cá as importações têm crescido em ritmo bem mais acentuado que as exportações”, lembrou o presidente da CNI.