Cientista teme que julgamento sobre células-tronco seja adiado por pedido de vista

05/03/2008 - 14h28

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Pouco antes de entrar no Supremo Tribunal Federal (STF) para acompanhar o julgamento da ação que pede a inconstitucionalidade da pesquisa com células-tronco, a cientista Mayana Zatz, doutora em genética e diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP) afirmou que será uma perda para toda a sociedade se um pedido de vista do processo adiar o julgamento de hoje (5). Alguns veículos de comunicação noticiaram que o ministro Menezes Direito, segundo a proferir o voto, poderia pedir vistas do processo. “Existe o risco, mas será uma perda para toda a sociedade se isso acontecer. Acho muito importante deixar claro que isso não é uma disputa entre cientistas e religiosos, mas um assunto que interessa para toda a sociedade, para inúmeros pacientes que têm esperança de tratamento a partir dessas pesquisas”, afirmou. A cientista voltou a dizer que o uso de embriões não fere o direito à vida, pois eles nunca foram inseridos em úteros e nunca serão: “Se eles não forem usados para a pesquisa, vão ficar congelados para sempre”.Mayana Zatz disse que está otimista em relação ao resultado do julgamento. “Eu acho que o Supremo vai decidir a favor das pesquisas, a favor da população, esse é o clamor do povo. Nós vimos dados do Ibope que mostram que a grande maioria, inclusive a católica, é favorável às pesquisas, então esse é o clamor da sociedade e eu acho que os ministros vão ser sensíveis a isso”, afirmou.As pesquisas com células-tronco embrionárias poderão, segundo Mayana, curar no futuro doenças como o mal de Parkinson, diabetes, lesão da medula espinhal, doenças graves do coração, lupus, leucemia, derrame, doenças do fígado e doenças neuromusculares, como Parkinson e Alzheimer.