Sabrina Craide e Carolina Pimentel
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O decretoque muda as regras para concessão de créditoconsignado estabelece que o Ministério do Planejamentodefinirá um limite para a cobrança de juros. Na avaliaçãodo vice-presidente da Associação Nacional dosExecutivos de Finanças, Administração eContabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, a limitaçãonão deve inibir os bancos.Elelembra que, para os empréstimos destinados a aposentados epensionistas, já existe um limite de 2,64% aomês, e muitas vezes os bancos cobram até menos. “Isso demonstra que eles se dão porsatisfeitos com uma taxa menor porque continuam ganhando bem. Euentendo que nesse tipo de crédito, em que há umagarantia de salário, deveria sim haver um teto”.Segundo Oliveira, os juros cobrados nos empréstimos aservidores têm ficado no mesmo patamar daqueles concedidos aaposentados e pensionistas.Apesar de reconhecer que os juroscobrados para os empréstimos consignados são maisbaixos que os disponíveis no mercado, o diretor daConfederação Nacional dos Trabalhadores do ServiçoPúblico (Condsef), Sérgio Ronaldo da Siva, defendea redução da taxa.“Se otrabalhador tem alguma reserva que coloca na caderneta de poupançae rende 0,5% ao mês, é um absurdo pagar juros nosvalores que estão sendo cobrados”, comenta.O decreto prevê também que o servidor tem até 60meses para pagar o empréstimo. Na opinião de Silva,é muito tempo. “É um tempo muito longo, mas cada umvai fazer a sua opção, dentro do que suporta pagar”. Eleacrescenta que a Condsef recomendará que o servidor optepelo tempo máximo somente “se estiver no últimoapuro”.O diretorlembra que, independentemente do prazo estipulado para opagamento do empréstimo, o importante é que o servidor cumpra suas obrigações. “Se você faz oempréstimo, tem o dever de pagar, seja num tempo longo oucurto. Mas quanto maior for o prazo, mais o servidor vai pagarpelos juros bancários”, argumenta. Já Miguel de Oliveira avalia que os cincoanos podem ser benéficos para os credores e para oandamento da economia. “Prazos longos são bons para aeconomia, porque quanto maior o prazo, menor o valor da prestação,então [se] consegue trazer para o mercado de consumo pessoas comrenda menor, pois têm prazo mais longo para pagar”.Apesardisso, ele ressalta que, quanto maior o prazo, mais caro o financiamento vai ficar, por causa dos juros cobradosmensalmente. “Mas, de um modo geral, é benéficopara o consumidor ter essa opção de escolha”,afirma. Outra regranova é que somente associações com pelos menos700 associados, ou uma quantidade que represente 90% do total deservidores da categoria, poderão descontar a mensalidade nafolha. Para o diretor da Condsef, a limitação podeimpedir a ação de “associaçõesfictícias”, criadas apenas para conseguir debitar valores nocontracheque. O decretoautoriza ainda os bancos privados a conceder créditoconsignado para os servidores públicos. Saiba mais.