Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Alinha de crédito com desconto em folha para servidores,aposentados e pensionistas corresponde a 57,3% de todo o créditopessoal concedido no país, segundo a AssociaçãoNacional dos Executivos de Finanças, Administraçãoe Contabilidade (Anefac).Segundoo vice-presidente da entidade, Miguel de Oliveira, a linha de créditoconsignado, com desconto em folha de pagamento ou no benefícioprevidenciário, é uma das que mais crescem no país.Nos últimos 12 meses, o aumento foi de 32%.“Atendência é que essa linha continue crescendo na médiade 30% ao ano, pelo menos”, afirma. Segundo ele, a facilidade deacesso e o interesse dos bancos, por ser um empréstimo debaixo risco, são as causas do crescimento.Quemmais recorre a esse tipo de empréstimo são osaposentados e pensionistas. “Isso é devido àsdificuldades que eles teriam numa outra linha de crédito,pelos baixos rendimentos que têm e pela grande dependênciadesses recursos”, explica Oliveira. Em segundo lugar, vêm osfuncionários públicos ativos, seguidos pelosfuncionários da iniciativa privada.ParaOliveira, apesar dos avanços que o mercado de créditoconsignado registrou desde sua implantação, como alimitação de valores a serem obtidos, o estabelecimentode regras sobre os juros praticados e o alongamento do prazo para opagamento, ainda faltam orientações para os tomadoresde crédito, que muitas vezes não sabem dos riscos quecorrem ao recorrer a esse tipo de empréstimo.Omaior perigo dessa modalidade, segundo ele, é que o credor nãoconsiga arcar com despesas inesperadas. “O risco é queeventualmente algo aconteça na vida dele, como uma doença,uma batida de carro, uma gravidez inesperada, as despesas comeducação do filho. Se algo acontece que nãoestava previsto naquele momento da contratação, elepode não conseguir pagar outras despesas adicionais porque osalário vai estar comprometido”, avalia.Elediz que, apesar de existir um limite com o qual os servidores podemcomprometer seus salários ou benefícios nosempréstimos, é preciso ter cuidado com outros tipos dedívidas, como crediários em lojas. “Ele pode seendividar acima desse limite, porque além do empréstimoconsignado, pode fazer empréstimos em lojas e assumir dívidassem vincular o salário”, afirma.Quemmais recorre a esse tipo de empréstimo é ofuncionalismo público. Do total de R$ 65,5 bilhõesdestinados ao crédito consignado em janeiro, R$ 56,8 bilhõesforam destinados a servidores públicos, na ativa ouaposentados e pensionistas, o que representa 87% do total. Os outros8,7 bilhões se destinaram a funcionários da iniciativaprivada, por meio de associações e sindicatos.