Para Fiesp, indústria com mão-de-obra menos qualificada terá mais gasto com novo mínimo

01/03/2008 - 11h39

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - No setor industrial, o impacto do aumento dosalário mínimo – que a partir de hoje (1º) passa a ser de R$ 415 – varia entre ossegmentos. As empresas com mão-de-obra menos qualificada terãomais gastos, já as mais tradicionais não sofrerãocom o reajuste. A avaliação é do economista da Federação dasIndústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), André Rebelo,que afirma que além da maioria dos trabalhadores da indústriaorganizada receberem mais do que o salário mínimo, oaumento do consumo das famílias não irá representar tantos ganhos para o setor, se comparado com o montante que a indústria movimenta anualmente. “Dáum certo alento, gera uma certa melhoria na demanda, mas estamosfalando de um aumento de R$ 20 bilhões por ano. A produçãoindustrial é de R$ 1 trilhão.”Rebelo, que édiretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos daFiesp, afirma que o pagamento do salário mínimo estárestrito a atividades de trabalho menos qualificadas, como ossegmentos de móveis, madeira, calçados e confecções.Ele aponta que esses são os setores que podem ter aumento de custos por causa doreajuste do salário mínimo. “A indústriaorganizada paga salários superiores ao salário mínimo,de tal forma que ela não tem aumento de custo com o saláriomínimo e se beneficia do aumento [do salário mínimo] pelo aumento do consumo dasfamílias.”“Algunsespecialistas dizem que o aumento do salário mínimo nãoé o melhor instrumento de distribuição de renda,mas dado que ele existe, é uma força que gera demandapor produtos industriais também”, afirmou.O especialista da Fiespexplica que o aumento do consumo tem relação com oganho real dos assalariados. Apesar do aumento do salário tersido de 9,2%, o ganho real mínimo é proporcional aocrescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos atrás, que foi de 3,7%. Para Rebelo, como oPIB vem crescendo, os próximos aumentos reais serãomaiores e, conseqüentemente, o aumento do consumo também.