Escritores levam discussão sobre tráfico de drogas para penitenciárias femininas

01/03/2008 - 11h54

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Brasil tem cerca de 26 mil mulheres presas, segundo o Ministério da Justiça. No Rio de Janeiro, elas somam mil detentas. A maioria foi condenada por tráfico de drogas. Para contar sobre o envolvimento dessas mulheres com o tráfico, os rappers e escritores, MV Bill e Celso Athayde visitaram favelas em todo o país e traçaram o perfil da mulher que comete esse crime. “São mulheres jovens, a maioria sem instrução, afrodescentes e de famílias desestruturadas”, contou Bill. “Grande parte se envolve com o tráfico por conta do marido, o que acontece não só no Rio como também em Salvador, Cuiabá, Rio Grande do Sul.”Os relatos ouvidos por Bill e Athayde deram origem ao livro Falcão- Mulheres e o Tráfico, lançado na última segunda-feira (25) no presídio feminino Talavera Bruce, no Complexo de Gericinó, zona oeste do Rio. Os escritores pretendem fazer outros eventos de lançamento em penitenciárias femininas espalhadas pelo Brasil. De acordo com os rappers, o objetivo da ação é levantar discussões com as presas sobre os motivos que as levaram ao tráfico e, dessa maneira, encontrar soluções para o problema. O ministro da Justiça, Tarso Genro, também participou do debate no Talavera Bruce. Lá, ele disse que esse crime não pode ser tratado apenas como uma questão policial. “Não é só uma questão policial. Pelo contrário, se a questão não for atacada em todas as suas dimensões, o tráfico continuará cooptando mulheres e jovens.”Tarso Genro reconheceu que sem acesso aos direitos básicos, como saúde, educação e sem um emprego, a população continuará sendo atraída pelo tráfico de drogas.