Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A liberação, pela União Européia, da importação de carne de 106 fazendas brasileiras é “simbólica” e demonstra a recuperação da credibilidade do produto brasileiro, na avaliação do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. “É mais uma abertura simbólica do que uma abertura, de fato, para que se possa iniciar um maior volume. Mas o fato positivo é que o comércio de carnes com a União Européia está reaberto, os procedimentos seguintes já estão sinalizados e também foi restabelecida a confiança nas autoridades sanitárias brasileiras”, afirmou hoje (27) o ministro.Stephanes disse acreditar que as exportações de carne in natura para o bloco europeu estarão normalizadas até o final deste ano. “Novas propriedades ainda estão sendo auditadas e serão acrescentadas. As que o Brasil vai auditando e considerando em conformidade com as normas existentes serão agregadas até que se restabeleça totalmente o comércio com a União Européia”, destacou, ao assegurar que todas as fazendas que se enquadrarem nas normas serão consideradas aptas a exportar. As vendas foram interrompidas no dia 31 de janeiro, quando a UE se negou a aceitar a lista de 2.681 propriedades apresentadas pelo governo brasileiro como aptas a exportar o produto. Em dezembro, os europeus haviam limitado em 300 o número de exportadores, sob a alegação de deficiências na certificação e no rastreamento de origem do gado brasileiro. As 106 fazendas com exportação liberada são responsáveis pela venda de 1,5 mil toneladas de carne in natura para o mercado europeu. Antes do embargo, 8.700 fazendas estavam autorizadas a exportar o produto e as vendas para a Europa chegavam a 275 mil toneladas.Ao contrário do que temem dos pecuaristas, Stephanes disse não acreditar em comprometimento da carne brasileira em terceiros mercados após o embargo europeu. Prova disso, segundo ele, é a ampliação de importações pela Rússia, maior comprador individual do produto. “Nenhum mercado foi afetado, pelo contrário. Todos os outros 140 países envolvidos neste processo foram esclarecidos e estão satisfeitos com o esclarecimento. Essa abertura inclusive ajuda a sinalizar com maior clareza, a todo o mercado para o qual o Brasil exporta, que o país não tem problemas sanitários”, disse. O ministro garantiu que não faltarão recursos para o controle sanitário em 2008. E informou que o Brasil planeja uma mudança nas normas de rastreabilidade – conforme demanda dos pecuaristas –, mas que isso será feito após negociações, "no momento oportuno", com a União Européia. “Eles não estão dispostos a ser menos exigentes – estão dispostos a simplificarmos as normas sem prejuízo da rastreabilidade”, revelou. Stephanes admitiu que as condições impostas pela União Européia são mais duras que as de outros países, mas disse acreditar que isso se deve aos problemas com a chamada doença da vaca louca. “Os europeus são consumidores mais rigorosos. Eles exigem rastreabilidade não só em termos de carne. Mas temos que entender também que, neste caso específico, eles ainda estão traumatizados com o problema da doença da vaca louca, que é fatal. Com isso, estabeleceram exigências muito mais duras do que os demais países em termos de sanidade. No caso brasileiro, não seriam necessárias”, afirmou.