Vítimas de incêndio em fábrica de fogos estão internadas em hospital de Salvador

27/02/2008 - 20h27

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Duas vítimas do incêndio ocorrido ontem (26) em uma fábrica de fogos irregular que funcionava no município baiano de Santo Antônio de Jesus, a 185 quilômetros da capital, estão internadas no Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador.

Segundo a Polícia Civil, que já abriu inquérito para investigar a ocorrência, o adolescente Jeferson Ramos Santana, 14 anos, teve 50% do corpo queimado. Já Roberto Carlos Barbosa dos Santos, 34 anos, teve 80% do corpo afetado pelas chamas. Os dois eram as únicas pessoas trabalhando no local na hora do acidente.

De acordo com o HGE, o adolescente já passou por uma cirurgia e agora se encontra internado na enfermaria do setor de queimados. Já Carlos Barbosa, até esta tarde, continuava aguardando no centro cirúrgico por uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

A Polícia Civil diz ter sido acionada para atender ao acidente por volta das 10h de ontem, por meio de uma denúncia anônima. As duas vítimas já teriam sido levadas ao hospital quando a polícia chegou ao local onde funcionava a fábrica clandestina, na zona rural da cidade.

A Polícia Civil acredita que houve superaquecimento da máquina utilizada para misturar e triturar os componentes químicos necessários à produção dos fogos de artifício, mas aguarda o resultado do laudo pericial para saber o que ocorreu de fato.

O dono do estabelecimento irregular, o comerciante João de Jesus Costa, ainda não foi localizado. No local, policiais apreenderam grande quantidade de fogos, enxofre, pólvora, invólucros para bombas, pavios, além de munição para espingarda de calibres de 12 milímetros e de revólveres calibre 38.

A cidade de Santo Antônio de Jesus fica numa região conhecida pela fabricação de fogos de artifício, tanto em fábricas devidamente legalizadas quanto em instalações precárias de fundo de quintal.

Em dezembro de 1998, 64 pessoas morreram após uma explosão em uma fábrica clandestina do município. Em entrevista à Agência Brasil, em dezembro de 2007, a presidente do Fórum de Direitos Humanos de Santo Antônio de Jesus (BA), Ana Maria Santos, afirmou que os empregados da fábrica, entre eles, crianças, trabalhavam sem carteira assinada e sem segurança. Até hoje, nenhuma indenização foi paga aos parentes das vítimas.