Senado envia ao Ministério Público notícia-crime contra Rogério Buratti

27/02/2008 - 0h39

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Senado deve encaminhar ao Ministério Público pedido de notícia-crime contra o advogado Rogério Buratti. A decisão foi aprovada hoje (27) em reunião da Mesa Diretora da Casa e foi motivada por notícias publicadas na imprensa de que Buratti teria mudado o depoimento que deu à Justiça e à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos em 2005.Ele era acusado de envolvimento em esquema de pagamento de propina na gestão do ex-ministro Antonio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto (SP). Em depoimento à Justiça e à CPI dos Bingos, Buratti disse que houve fraude em contratos com a empresa de limpeza pública, Leão Leão. A empresa teria pago propina ao PT e teria recebido tratamento preferencial da prefeitura de Ribeirão Preto na gestão de Palocci.De acordo com o senador Efraim Morais (DEM-PB), ex-presidente da CPI dos Bingos, em junho do ano passado, no entanto, Buratti apresentou uma retratação de seu depoimento a um cartório em São Paulo alegando ter sido coagido a fazer as declarações. "Fiquei perplexo porque ele veio a esta Casa sob juramento e depois, simplesmente, negou tudo. Ele nunca foi coagido na CPI. Pelo contrário, foi tratado com respeito", disse Efraim.O senador afirmou que a decisão de enviar notícia-crime contra o advogado serve para que a prática de retratação de depoimento não se torne corriqueira. "Imagina se isso vira rotina nesta Casa ou em qualquer tribunal", afirmou. "Temos de resguardar o Senado. Isso vale para o Buratti e para qualquer um".O pedido de notícia-crime contra Buratti foi aprovado na mesma semana em que o ex-ministro e atual deputado federal, Antonio Palocci (PT-SP), teve denúncia encaminhada pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, ao Supremo Tribunal Federal por conta da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, em 2006.Palocci teria mandado a Caixa Econômica Federal quebrar o sigilo quando ainda era ministro. Na época, as movimentações financeiras do caseiro foram publicadas por uma revista semanal. Francenildo Costa havia acusado o ex-ministro de frequentar uma casa alugada por lobistas em Brasília.