Policiais civis de Alagoas suspendem greve de quase sete meses

27/02/2008 - 20h05

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Policiais civis de Alagoas suspenderam hoje (27) a greve que mantinham há quase sete meses. Reunida em assembléia, a categoria aceitou a proposta do governador Teotônio Vilela Filho (PSDB), que, entre outras coisas, prevê o reajuste salarial de 36,7%, retroativo a janeiro, e parcelado em 18 meses.

O vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol-AL), Josimar Melo, explicou à Agência Brasil que, pelo acordo, as parcelas do reajuste, relativas a janeiro e fevereiro, serão pagas em folhas suplementares nos meses de setembro e outubro, respectivamente. A primeira parcela do reajuste já será incluída nos pagamentos de março.

Segundo o sindicato, o governo também se comprometeu a conceder 7,2% de adicional noturno para plantonistas. Além disso, técnicos do governo irão realizar um estudo para avaliar o impacto financeiro da concessão de aposentadoria especial, que precisa ser criada por meio de um projeto de lei aprovado na Assembléia Legislativa.

De acordo com o Melo, o governo prometeu melhorar as condições de trabalho, reformando delegacias e adquirindo novos armamentos e equipamentos. Na última segunda-feira (25), o 2º vice-presidente do Sindpol-AL, Evandro Aranda, havia afirmado à Agência Brasil que a proposta teria de ser melhorada para que a categoria voltasse ao trabalho. Em 1º de agosto, quando deflagraram a paralisação, os policiais, que, em Alagoas, têm de ter nível superior, pediam 129% de reajuste, o que equipararia seus salários com os peritos criminais.  

Quanto à revogação das portarias administrativas que estabelecem punições para os grevistas, a categoria decretou estado de vigília. Se em uma semana os inquéritos administrativos contra os policiais não forem suspensos, o sindicato promete convocar uma nova assembléia para discutir a possibilidade de retomar a greve.

Apesar da expectativa de que o acordo seja cumprido, Melo avisa que a categoria optou por suspender, e não encerrar, a greve, de forma que a paralisação pode ser retomada a qualquer momento. “A categoria vai dar o prazo de um mês a partir de hoje para que o governo concretize os itens negociados. Se isso não acontecer, a gente volta ao movimento paradista”.

De acordo com o sindicalista, a paralisação dos policiais contribuiu para a escalada da violência na capital do estado, Maceió. “De 2006 para 2007, o aumento de mortes violentas por armas de fogo foi de 50%. Os últimos quatro meses do ano, quando os policiais já estavam parados, teve influência significativa sobre esse resultado. Isso inclusive foi divulgado para os órgãos do governo. A Polícia Militar e o Conselho de Segurança disseram que a greve da polícia civil contribuiu para isso”, afirma o sindicalista.

Melo garante que os policiais retomaram suas atividades assim que a assembléia de hoje chegou ao fim, por volta das 13h30. Ele também afirma que todo o efetivo da Polícia Civil do estado, que soma 2,2 mil homens, aderiram à greve. “Mantivemos apenas os 30% obrigatórios fazendo flagrantes e os laudos de exame de corpo delito”.