Líderes yanomami pretendem permanecer em Brasília até a noite de amanhã

27/02/2008 - 21h43

Leandro Martins
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - Oito lideranças da etnia Yanomami deRoraima e do Amazonas estão na capital federal para discutirmineração em terra indígena e outras questõesrelativas a seus povos. As lideranças pretendem permanecer emBrasília até amanhã (28) à noite.Os Yanomami pediram uma audiência com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) para amanhãde manhã, a fim de tratar de assuntos como saúde eterritórios. Até o fim da tarde a reunião nãohavia sido confirmada.Ontem, a comitivaparticipou de uma sessão da Comissão Especial sobreMineração em Terras Indígenas da Câmarados Deputados. O líder yanomami Davi Kopenawa entregou aopresidente da comissão, deputado Édio Lopes (PMDB-RR),um documento em que organizações indígenas esocioambientais repudiam a ida de parlamentares da própriacomissão à aldeia. A visita ocorreu no dia 14, sem umaviso à comunidade com antecedência, o que foi apontadocomo um desrespeito. Segundo Kopenawa, a mineraçãoafeta a área onde ocorre a extração de minériocom devastação ambiental, superpovoamento, alcoolismo econfrontos violentos entre indígenas e não-índios.Ele citou outro problema enfrentado pelos Yanomami na décadade 1970, com a construção da estrada Perimetral Norte(a Rodovia Federal BR-210), e disse temer que serepita se houver mineração em terra indígena: "Opovo Yanomami não a quer, e eu não quero, porque jávem sofrendo de doenças levadas para a nossa comunidade, comosarampo, gripe, tuberculose, malária, e outras doenças".Para o deputado Márcio Junqueira (DEM-RR), que integraa comissão, é necessário desmistificar a questãoe conhecer o potencial mineral do país. “Nós estamostendo a preocupação de identificar que minériosexistem nessas reservas indígenas e quais são as suaspotencialidades. Depois disso, ver o custo-benefício”,relatou o parlamentar. Davi Kopenawa também reclamouque os deputados tentaram persuadir os Yanomami, oferecendo presentescomo facas e anzóis. Márcio Junqueira rejeitou aacusação. Ele disse que apenas fez um comentárioaos índios: que as pessoas não devem ganhar as coisas,têm de trabalhar, e que não precisam de peixe, e sim doanzol.