Conflito entre integrantes do MST e seguranças de fazenda deixa 16 feridos em Alagoas

27/02/2008 - 19h31

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um conflito entre integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e seguranças de uma fazenda localizada no município de Piranhas, em Alagoas, resultou em 16 pessoas feridas na manhã de hoje (27), segundo informações do movimento. De acordo com a página eletrônica do MST, 12 homens armados com espingardas invadiram o acampamento José Faustino, na fazenda Lagoa Comprida, a mando de um fazendeiro local para despejar cerca de 70 famílias que vivem na região.

Pela contabilidade do MST, dos 16 feridos, nove estão em estado grave. Segundo Débora Nunes, da direção nacional do movimento, o caso mais sério é o de um homem que recebeu um tiro no olho e outro no peito. Ela relata que mulheres também foram feridas durante o embate. Todos já foram encaminhados para os hospitais da região.

“Infelizmente eles acham que podem estar matando e fazendo o que sempre fizeram no estado e a conseqüência disso é a impunidade, que sempre prevalece”, afirma Débora, acrescentando que o sertão de Alagoas lidera as estatísticas em número de conflitos agrários.

De acordo com Débora, a área, com cerca de mil hectares (o equivalente a mil campos de futebol) é reivindicada pelo MST há mais de um ano. No ano passado, os trabalhadores rurais sem terra afirmam ter feito um acordo com o centro de gerenciamento de crise do estado de Alagoas e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para se retirar do local até que o Incra fizesse uma vistoria na área. Hoje (27), o prazo teria vencido sem que a vistoria tivesse sido feita o que fez com que as famílias decidissem retornar ao acampamento.

“As famílias estavam próximas, vizinhas à propriedade, às margens da BR 220, e hoje elas estariam reocupando o local. Elas não tinham nem entrado, aí vieram 12 pistoleiros junto com o proprietário, que estava no ato, participou de tudo, deixando nove pessoas gravemente feridas”, relatou.

No momento do conflito, Débora afirma que a delegacia do município de Delmiro Gouveia, próxima ao local, estava fechada. Ela disse que os trabalhadores foram pegos de surpresa e portavam no momento apenas seus instrumentos de trabalho, como facões e enxadas. A dirigente do MST afirmou ainda que os trabalhadores rurais sem terra vão “dar respostas” à ação dos pistoleiros. “Continuamos firmes, vamos cobrar punição e que o estado aja, não só punindo mas realizando a reforma agrária”

A Agência Brasil tentou ouvir, sem sucesso, a delegacia e a prefeitura do município de Delmiro Gouveia, em Alagoas.