Superintendentes da Infraero fazem abaixo-assinado contra demissão de Gaudenzi

25/02/2008 - 19h31

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério daDefesa recebeu um abaixo-assinado de 64 superintendentes da EmpresaBrasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) contraa possível substituição do atual presidente daempresa, Sergio Gaudenzi, e de outros diretores. “Pensar que poderemosvoltar às disputas políticas noticiadas pelos meios decomunicação e à guerra de denúncias quepresenciamos num passado recente é desalentador”, diz odocumento obtido pela Agência Brasil. No texto, endereçadoao ministro da Defesa, Nelson Jobim, há a ressalva de que acarta foi elaborada espontaneamente e reflete o pensamento de partedos superintendentes da sede, das regionais e dos aeroportos. AInfraero tem 83 superintendentes, todos funcionáriosconcursados. O Ministério daDefesa confirmou ter recebido o abaixo-assinado na últimaquarta-feira (20).No abaixo-assinado, ossuperintendentes afirmam estar “extremamente preocupados” com asnotícias divulgadas pela imprensa sobre a possívelsubstituição de Gaudenzi. Nas últimassemanas circularam informações de que partidos da basealiada estariam pressionando o governo para ceder a presidênciada empresa estatal. Os servidores lembramno documento que devido à crise enfrentada pelo setor aéreonos últimos dois anos, período em que foram registradosos dois maiores acidentes da história da aviaçãocivil brasileira, tiveram de passar meses respondendo àscríticas e denúncias contra a empresa e “e vendo asargüições implacáveis de colegas nossos eaté a demissão de alguns”. “Um dos diagnósticoslargamente difundidos [durante a crise] foi que o uso políticoda Infraero contribuiu decisivamente para todo o escândalo quevivenciamos”, afirmam. No documento, ossuperintendentes alegam que a crise serviu para fortalecer a tese deque os cargos de direção da empresa deveriam serocupados por gente com perfil técnico e defendem que a escolhade Gaudenzi e dos atuais diretores, “todos com experiência ematividades governamentais ou empresariais”, respondeu a uma demandada sociedade e dos próprios servidores. Gaudenzi éengenheiro civil, com especialização em PlanejamentoUrbano. Para assumir a presidência da Infraero, no iníciode agosto de 2007, em substituição ao brigadeiro JoséCarlos Pereira, Gaudenzi deixou o comando da Agência EspacialBrasileira (AEB). Na ocasião, oministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que a escolha de Gaudenzipara a Infraero era parte de um processo de mudanças com oobjetivo de reunir na estatal “pessoas que não prometemcompetência, mas que mostrem competência”. Os 64 superintendentescitaram a situação dos aeroportos durante os feriadosdo final de 2007 e no Carnaval, para afirmar que a crise aérea“passou e, de certa forma, foi suplantada por outros temas”. Elesadmitem, no entanto, que ainda há muito o que fazer. “Asmedidas adotadas pela nova diretoria para dar soluçãoàs necessidades da infra-estrutura aeroportuáriabrasileira não são suficientes, mas apresentaramefeitos positivos nos períodos recentes de “rushaéreo”, diz o abaixo-assinado. Os servidores dizemtemer as possíveis conseqüências da descontinuidadeadministrativa e da troca semestral de dirigentes da empresa. “Trocar a diretoriaagora é jogar fora seis meses de trabalho, o esforço decompreensão e de discussões a respeito de assuntosestratégicos para o país. Há o sentimento de quetodo o esforço que vem sendo empreendido para a continuidadedo desenvolvimento da infra-estrutura aeroportuária e amelhoria da imagem da empresa poderá tornar-se vão”.