Sindicalista apóia iniciativa de superintendentes para preservar Infraero de indicações políticas

25/02/2008 - 19h44

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O diretor do SindicatoNacional dos Aeroportuários (Sina), Francisco Lemos, elogiou ainiciativa dos superintendentes da Empresa Brasileira deInfra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) de fazer umabaixo-assinado contra a influência política na nomeaçãode diretores da estatal. “Eu acho válidoquando os servidores tentam defender a empresa da especulação[política]”, disse Lemos à AgênciaBrasil. Embora ainda nãotivesse sido informado do abaixo-assinado, Lemos disse que “ablindagem” da empresa é oportuna, já que asconstantes trocas em cargos chave, como a presidência, tornam aInfraero “muito menos dinâmica que as necessidades do setor”.“A todo momentotroca-se a administração da Infraero. A cada vez vemuma legião de pessoas que não são do ramo. Elasacabam ficando com os cargos de decisão, enquanto osservidores de carreira, que sabem onde os investimentos sãomais necessários, ficam reféns, esperando atéque cada novo diretor tome conhecimento do funcionamento da máquina”,disse Lemos. O documento entregue aoMinistério da Defesa na última quarta-feira (20) foiassinado por 64 dos 83 superintendentes que trabalham na sede deempresa, em Brasília, em parte dos 67 aeroportos administradospela estatal e nas oito regionais nacionais. Para o sindicalista, onúmero de servidores é representativo. “Eu acreditoque os que não assinaram não o fizeram porque nãotiveram a oportunidade”. Os servidores dizem terfeito o abaixo-assinado espontaneamente, por temerem as eventuaisconseqüências da “descontinuidade administrativa e datroca semestral de dirigentes da empresa”. O Ministério daDefesa não comenta o assunto. O sindicalista garanteque foi graças aos servidores de carreira que a empresaconseguiu contornar a recente crise aérea. “O Gaudenziconsultou mais o pessoal orgânico do que [seus antecessores]os que vinham fazendo. Os servidores tiveram mais oportunidades de seexpressar”, afirmou. Para Lemos, emboraimportante, a permanência dos diretores que tenham um perfiltécnico não é suficiente para preservar asdiretrizes da empresa. “Seria necessário termos o mínimode contratos especiais possíveis. Ou seja, deixar a empresaser administrada por funcionários [de carreira] que jáestão aqui e sabem o que estão fazendo”. Atualmente, segundoLemos, a estatal mantém 196 pessoas nestas condições,contratadas sem concurso público, além de cerca de 16mil terceirizados. “O perigo dasterceirizações é que, hoje, o passivotrabalhista da Infraero ultrapassa R$ 100 milhões. Aterceirização causa um prejuízo muito grande,pois a empresa contratada não paga seus encargos trabalhistas,vai embora, e a contratante, no caso, a Infraero, tem de arcar comtudo isso”, denunciou o sindicalista.