Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A renúncia de Fidel Castro da Presidência de Cuba teve um significado mais simbólico do que representativo de mudanças para o cenário do país. A opinião é do professor de história de América Independente da Universidade de São Paulo (USP) Julio Pimentel Pinto. Em entrevista hoje (19) à Agência Brasil, Pimentel Pinto disse que a renúncia de Fidel representou “uma espécie de momento em que o mito se recolhe” e que o afastamento dele “foi muito bem preparado, muito bem programado e gradativo”.“A decisão de ter sido nesse momento veio pelo fato de as eleições já terem transcorrido em Cuba e de que, em breve, o parlamento vai definir quem será o próximo presidente do conselho. Não acredito que tenha havido grandes surpresas. É claro que há um impacto. Ele foi uma figura que governou por quase 50 anos e de destaque no cenário internacional, simbolicamente muito importante”, afirmou.Para ele, a grande mudança que vai ocorrer em Cuba, com a renúncia, é de fato simbólica. “A grande mudança é o caráter simbólico que Fidel exercia. Como líder da rebelião, da guerrilha e depois da revolução, ele encarnou, inclusive nos seus trajes – que ele fez questão de manter por 50 anos no seu uniforme de campanha, na barba e na retórica – o ideal revolucionário do final dos anos 50. É uma espécie de mito vai para casa.”Com relação ao regime, o professor acredita que o país será marcado por um processo muito lento de distensão. “Primeiro no campo econômico. Acredito que a economia de Cuba, que já vem recebendo capital estrangeiro em larga escala desde os anos 90, principalmente espanhol, tenda a se abrir um pouco mais. E que se prepare a sucessão de Raul porque ele já tem cerca de 75 anos e não terá um longo governo, é claro”.Fidel anunciou sua renúncia ao poder em artigo publicado hoje (19) no jornal Granma, do Partido Comunista cubano.