Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A presença diária de 200 homens do Exército no Morro da Providência, no centro da cidade do Rio, foi suficiente para expulsar os traficantes que dominavam a comunidade. O que restou do grupo se resume a poucas pixações nas paredes das casas ou as iniciais da facção gravadas nas escadarias. A expulsão dos criminosos é reconhecida pelos militares e pode ser constatada em uma caminhada pelos becos da comunidade, que não apresentam olheiros ou soldados armados do tráfico.A ocupação na Providência faz parte da Operação Cimento Social, iniciada no dia 13 de dezembro passado, com objetivo de reformar 780 casas da comunidade, em parceria com o Ministério das Cidades.A fuga dos traficantes foi confirmada pelo chefe da Seção de Comunicação Social do Comando Militar do Leste (CML), coronel Carlos Barcellos. “São essas as informações que estamos trabalhando. Até esse momento, os pontos de venda de drogas principais nesta área estão desativados pela presença da tropa federal aqui”.Porém, a presença das Forças Armadas no local tem prazo limitado, não devendo passar de um ano, conforme lembrou hoje (19) o general Williams Soares, responsável pela operação, durante o discurso de abertura da ação cívico-social patrocinada pelo Exército, que está sendo realizada até quinta-feira (21) no morro. “Vamos permanecer o ano todo aqui, juntos, ombro a ombro, para melhorar a comunidade”, disse o general Soares.A ação cívico-social mobiliza 150 militares das áreas de saúde e infra-estrutura, oferecendo consultas médicas, atendimento odontológico e entrega de medicamentos aos moradores, além da restauração de equipamentos públicos, como praças, igrejas e a caixa-d´água principal. Foram montados dois núcleos de atendimento de saúde, um na parte baixa e outro no alto do morro.Na fila para consultar um médico, a moradora X, de 47 anos, nascida na Providência, elogiou a iniciativa e disse estar mais segura com a presença do Exército na favela. “Traqüiliza mais a comunidade, as pessoas ficam mais seguras em relação à violência”. Perguntada se tinha medo de que a insegurança voltasse com a saída dos militares, respondeu: “Claro. Todo mundo tem esse receio, de que volte tudo, a insegurança, a violência. Com o Exército aqui as pessoas estão mais tranqüilas”.O comandante da 1ª Divisão de Exército do CML, general Rui Monarca da Silveira, supervisionou o início da ação e comentou o medo demonstrado pela moradora, de que a saída do Exército representará a volta do tráfico ao local.“O estado do Rio de Janeiro tem as melhores condições, com a nossa presença aqui, para resolver definitivamente esse problema no Morro da Providência. E tenho certeza que a Secretaria de Segurança irá resolver esse problema, aproveitando a nossa permanência durante esse ano inteiro”, disse o general.A Secretaria de Segurança do estado disse apenas que a Polícia Militar já se encontra na Providência por meio do Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais (Gpae), e não quis dar detalhes sobre planos futuros para garantir a segurança na comunidade.