Aposentadoria de Fidel é "sinal verde" para rediscutir renovação, diz Tarso

19/02/2008 - 12h41

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Justiça, Tarso Genro, considerou a aposentadoria do presidente cubano, Fidel Castro, depois de 49 anos no comando de Cuba, um "sinal verde" para a rediscussão do processo de renovação naquele país. Fidel, que anunciou oficialmente na madrugada de hoje (19) a sua aposentadoria, estava afastado do comando do país por problemas de saúde desde julho de 2006."Foi uma decisão madura. Não só porque as suas condições de saúde apontam para a necessidade de sua retirada, mas também porque tudo indica que está em curso em Cuba um processo de renovação política, institucional, e, obviamente, a sua retirada é um sinal verde para a continuidade desse debate", disse hoje (19) depois de participar de evento no Senado.Segundo o ministro, ainda é cedo para dizer se "uma nova Cuba" irá surgir depois da aposentadoria de Fidel, mas a discussão democrática é mundial e em Cuba não poderia ser diferente. Ele comparou Fidel a Nelson Mandela."Ele é uma figura mítica da nossa época, assim com foi Nelson Mandela, que soube renovar a revolução sul-africana no momento adequado, com seu talento, sua capacidade. Cuba, por outras circunstâncias, pelo cerco militar, econômico, social que sempre sofreu, não fez essa transição [para a democracia]. Quem sabe agora essa transição comece", disse.O ministro disse esperar que não haja influência externa no atual momento de Cuba e na sucessão de Fidel Castro. "O que deve ser observado é o respeito à integridade do processo político cubano, o princípio da não-interferência e a consciência [com] que os cubanos saberão arbitrar os seus melhores destinos. Qualquer interferência externa arbitrária, intolerante ou arbitrária num processo como o cubano, efetivamente, não ajuda", disse.