Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A redução da jornada de trabalho pode ser considerada uma espécie de “compensação” peloaumento constante da produtividade que é sempre revertido em lucros para oempresariado ou para a indústria e nunca em benefícios para o consumidor ou o trabalhador. Essa é a opinião do professor do Departamento de Ciências Contábeis da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Piscitelli. “A redução da jornada não deve ser encarada como alguma coisa que venha gratuitamente, como indevida ou absurda”, defendeu o professor em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.O professor explica que é natural que se revejam as relações de trabalho para que as novas tecnologias e o novo modelo de produção possam ser incluídos. Em alguns casos, ele cita, o empregado pode trabalhar de casa e sem a rigidez de horário.Segundo ele, “essa talvez não seja uma proposta que deva vir isolada”, mas acredita que o debate é positivo para preparar o Congresso para discussões sobre a reforma trabalhista. “Esse assunto tem estado um pouco congelado, mas é possível que um projeto de lei provoque um início da abordagem do assunto”, acredita.Piscitelli lembra ainda que o pagamento de horas extras é mais oneroso às empresas do que o pagamento de horas normais para empregados de um terceiro turno de trabalho.“É normal que em períodos de insegurança econômica o empresário prefira pagar horas extras, mas se a perspectiva for de sustentabilidade desse processo de crescimento será preferível a contratação de novos empregados.”Hoje (11), em São Paulo, centrais sindicais fizeram manifestações pela redução da jornada de trabalho de 44 para 35 horas semanais.