Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Lideranças do PSDB e do DEM contornaram asdivergências nas respectivas bancadas de senadoresinsatisfeitos com o acordo feito pelo deputado Carlos Sampaio(PSDB-SP) com o líder do governo no Senado, Romero Jucá(PMDB-RR), para investigar o uso de cartões corporativos porservidores e autoridades públicas. Pelo acordo, acomissão parlamentar mista de inquérito (CPMI)investigará os gastos com os cartões corporativos desde2001, mas poderá retroagir a 1998, data de sua criação,caso apareça alguma denúncia que justifique. Entre 1998e fins de 2001, quando o cartão corporativo passou a serefetivamente utilizado, os gastos dos servidores e autoridadespúblicas eram efetuados por meio das chamadas contas B.O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra(PE), afirmou que o deputado Carlos Sampaio o informou sobre "astratavivas" que estavam em andamento com o líder dogoverno. Acrescentou ter recomendado ao deputado que mantivesse oslíderes da oposição inteirados da conduçãodesse processo. No início da tarde, o presidentepeessedebista recebeu um telefonema do ex-presidente FernandoHenrique Cardoso, que teria lhe autorizado a comunicar aos deputadose senadores "que sua vida [de Fernando Henrique] pode serinvestigada agora, no futuro, quando quer que seja". SegundoSérgio Guerra, o ex-presidente também lhe disse queenviou todos os documentos sobre seus gastos quando ocupava aPresidência da República a um jornal de circulaçãonacional.Segundo o presidente do PSDB, ao querer estenderas investigações a 1998, o governo federal adota aestratégia de criar um clima de que "se a crise égeral, todo mundo vai sobreviver". A seu ver, trata-se de umaestratégia que "carece de razões, [as queexistem] são precárias e cheias de equívocos".Já o líder do DEM, JoséAgripino (RN), considerou que, pelo acordo, "o governo recuaporque concorda em que o fato fique restrito a investigaçõesde cartões corporativos, sem qualquer mençãoexplícita a conta B, até mesmo não háqualquer denúncia contra conta B". Ele destaca,entretanto, que se houver qualquer fato anterior a 2001 quejustifique a investigação "os fatos em si serãosuficientes para haver investigação".Agripino disse que não se pode inverter ocaráter da CPMI, iniciando as investigaçõespelas contas B, uma vez que elas não seriam o objeto decriação da comissão de inquérito. Em suaavaliação, o início deve ser “o dolo [fraude]que provocou demissão de ministro e está indignando asociedade".No mesmo tom do líder do governo no Senado,Romero Jucá (PMDB-RR), o líder do DEM afirmou que, emnenhum momento, a oposição tem a intençãode "fulanizar" as investigações sobre os usosindevidos dos cartões corporativos. "Na hora em que sefosse fazer uma CPI com endereço certo para degolar fulano oubeltrano, se perderia a isenção e o respeito da opiniãopública. Não passa pela nossa cabeça fulanizar,porque fulanizar significa sectarizar a investigação",ressaltou.