Acordo sobre CPI dos cartões corporativos não é consenso entre líderes da oposição

11/02/2008 - 15h59

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O acordo firmado entreo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) e o líder do governo noSenado, Romero Jucá (PMDB-RR), para a instalaçãoda Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) doscartões corporativos não é consenso entre ossenadores da oposição. Sampaio é o autor do requerimento para a criação da CPI mista.O líder do DEM,José Agripino Maia (RN), disse que o acordo “foi umainiciativa própria” de Carlos Sampaio e não umaposição do PSDB. Ele informou que aguarda uma reuniãocom o líder dos tucanos no Senado, Arthur Virgílio Neto(AM), para definir que rumo tomarão sobre as denúnciasde abusos na utilização dos cartões, e maisespecificamente sobre o modelo de CPMI que pretendem. Agripino Maia defende arestrição das investigações aos cartõescorporativos, retroagindo a 2001, data de sua criação.Já o acordo firmado por Jucá e Sampaio estende asinvestigações às contas tipo B, desde 1998,utilizadas por autoridades e servidores do governo federal. “A filigrana estána data. Tem que ser 2001 e só cartões corporativos”,defende o líder do DEM. Ele considera que qualquer comissãoparlamentar de inquérito é instalada a partir de umfato determinado, que neste caso seriam os abusos na utilizaçãodos cartões.O senador HeráclitoFortes (DEM-PI), membro da Executiva Nacional do partido, tambémcritica o acordo. “Se o meu partido não quiser apurar, euquero”. Ele disse que foi “pego de surpresa” pela iniciativa dodeputado do PSDB.Heráclito Fortessegue a opinião do líder de seu partido de que nãocabe a uma CPMI investigar “fato indeterminado”. Para ele, o focodas apurações deve ser o cartão corporativo. “Se houver algumadenúncia concreta contra o governo Fernando Henrique, que seinvestigue”, acrescenta.O vice-líder doPSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), também criticou oacordo fechado pelo colega tucano. “Uma CPMI nesses termos cheiramal. Fica a impressão que houve um acordo, um entendimentoestranho”, afirma.Álvaro Diasressalta que se o PSDB fechar com este acordo, ele acatará“por decisão partidária”. Mas defende que a direçãotucana tem que reavaliar o acordo firmado entre Carlos Sampaio eRomero Jucá.O líder dogoverno no Senado, Romero Jucá, argumenta que pelo acordo “aCPMI se debruçará sobre um análise técnica,isenta de caráter político e evitando excessos”. Perguntado se ostrabalhos da comissão se restringiriam ao uso do cartãocorporativo por servidores públicos, Romero Jucáafirmou que “o limite será o do bom senso”.O parlamentar estáprovidenciando um levantamento completo da legislaçãoque define o que é considerado gasto sigiloso. Ele pretendeapresentar proposições à CPMI de mudançada atual legislação para deixar claro o que é eo que não é gasto sigiloso.“Esse é umitem que forçosamente será discutido na comissão”,ressalta Romero Jucá.