Só modernização pode reduzir impactos do clima na agricultura, imostra estudo

10/02/2008 - 15h23

Marco Antônio Soalheiro*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os impactos das mudançasclimáticas nas próximas décadas para osprodutores rurais vão variar conforme o tipo de tecnologia emcada região. É o que concluem os cientistas MollyBrown, da Agência Espacial Norte Americana (Nasa), eChristopher Funk, da Universidade da Califórnia, em artigopublicado na Revista Science do último dia 1º. O texto analisa pesquisaproduzida em conjunto por profissionais da Universidade de Stanford,do Laboratório Nacional Lawrence Livermore e do CentroNacional de Pesquisa Atmosférica. A sofisticaçãotecnológica é apontada como fator determinante para umaprodução mais resistente às questõesclimáticas e agrícolas: “Insegurançaalimentar, portanto, não é produto somente dodeterminismo climático e pode ser abordada por melhorias naeconomia e políticas agrícolas em escalas local e global”. O artigo destaca umadiferença “extrema” de produtividade entre fazendas queutilizam técnicas de plantio manuais e outras que trabalhamcom fertilizantes à base de petróleo, pesticidas, mecanizaçãoe biotecnologia. Os fazendeiros mais pobres têm um sistemaagrícola simples e teriam dificuldade em responder de formaeficiente aos impactos das mudanças climáticas. “Esta deficiênciapode ser agravada por políticas macroeconômicas quecriam desestímulos ao desenvolvimento da agricultura, como ossubsídios nos Estados Unidos e na Europa e programas detransferência de dinheiro pobremente implantados”, lembramBrown e Funk.Uma das estratégiassugeridas às comunidades pobres no estudo seria a substituição da produção de milho porsorgo, que requer menos água e tem maior tolerância aoclima quente e seco. Ações de governo, como aperfeiçoaro monitoramento climático e sistemas de alertas preventivos,seriam importantes para reforçar programas de desenvolvimentoda agricultura. O estudo diz que asmudanças climáticas podem provocar reduçãosignificativa da produção global de milho, trigo earroz. Os reflexos seriam sentidos na queda de rendimento decomunidades “subalimentadas” e no aumento do preço dascommodities (produtos primários negociados em bolsas de mercadorias). Mas os cientistas apontam uma saída: “Aprodutividade agrícola muito baixa em países cominsegurança alimentar representa uma grande oportunidade.Transforme este sistema de agricultura através de sementesmelhoradas, fertilizantes, uso da terra e governança, e asegurança alimentar pode ser atingida por todos.”